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Alerta de risco levou Cabral a cancelar presença em trem
Equipe de segurança do governador do Rio desaconselhou sua ida na composição, mas ministros ignoraram o aviso
Secretário de Transportes, que insistiu para que comitiva fizesse o trajeto, comparou alerta a aviso de embaixadas sobre riscos de visitas ao Rio
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A equipe de segurança do governador do Rio, Sérgio Cabral,
desaconselhou com veemência
sua ida no trem que levava dois
ministros e foi atingido por tiros, anteontem, ao passar pela
favela do Jacarezinho (zona
norte). Na avaliação dela, o percurso era muito arriscado.
O chefe da Coordenadoria
Militar da Casa Civil, coronel
Fernando Messias, avaliou que
se tratava de uma área de risco
real, sem policiamento suficiente, e informou isso reservadamente a Cabral, que pretendia acompanhar a comitiva.
O grupo também foi alertado
sobre o policiamento insuficiente e o risco, como confirmou à Folha o ministro Márcio
Fortes (Cidades), mas ignorou
o aviso, convencido pelo secretário de Transportes, Júlio Lopes, que insistiu que não haveria problema em ir ao local.
Lopes comparou ontem o
alerta recebido a um aviso de
embaixadas sobre riscos de visitas ao Rio. "Muitas embaixadas dizem que o Rio é perigoso,
mas ninguém deixa de visitar a
cidade nem aproveitá-la. E ninguém espera levar um tiro."
A ida ao Jacarezinho não
constava dos planos iniciais
-só estava previsto patrulhamento na favela do Arará, onde
policiais tinham estado no domingo e na segunda.
Como o trajeto surgiu de improviso, nenhuma dessas medidas havia sido tomada -o
que levou a segurança a insistir
para que Cabral desistisse de
acompanhar o grupo.
Preocupado com a informação, o governador determinou,
por telefone, que agentes de
sua escolta pessoal estivessem
no trem, para reforçar o efetivo
de policiais do Batalhão Ferroviário. Parte dos tiros de revide
foi disparada por eles.
Cabral negou oficialmente
ontem ter sido avisado do perigo e disse que tomou o helicóptero por causa de uma reunião
agendada com empresários,
mas a Folha apurou que a razão foi segurança.
"Não sabia [do alerta]. Mas
posso dizer que nada justifica o
ataque. Por isso, demos uma
resposta pronta. Não podemos
tolerar que autoridades não
possam ir a algum lugar."
"Traficantes desavisados"
O delegado Rodrigo Oliveira,
diretor da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais da
Polícia Civil), disse que os tiros
foram ação de "traficantes desavisados". Para ele, os criminosos não sabiam que autoridades estavam na composição.
"No vagão, estavam policiais
militares fardados e armados.
Traficantes que ficam na beira
da linha do trem avistaram os
PMs e pensaram que poderiam
estar entrando na comunidade
de trem para uma operação".
O comandante-geral da PM
do Rio, coronel Ubiratan Angelo, afirmou que o trajeto não estava previsto. "Na hora do
evento, o comandante do batalhão contra-indicou que fosse
feito o trajeto".
Colaboraram ITALO NOGUEIRA e MARCIA
BRASIL , da Sucursal do Rio
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