São Paulo, sexta-feira, 12 de setembro de 2008

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Especialistas temem influência de laboratórios sobre médicos

ENVIADA ESPECIAL A ROMA

A indicação de remédios a "pré-doentes" é vista com desconfiança por especialistas em bioética, especialmente, pela grande influência que os laboratórios têm sobre os médicos.
Hoje, a indústria farmacêutica é uma das maiores responsáveis pela "atualização" dos especialistas das mais diversas áreas médicas. E isso não ocorre somente no Brasil.
Em eventos, como no congresso europeu de diabetes, que terminou ontem em Roma, a maioria dos 17 mil médicos presentes -e também muitos dos jornalistas- estava a convite do setor farmacêutico.
Além da hospedagem em hotéis cinco estrelas (que chegam a custar 600 a diária) e jantares em lugares que parecem verdadeiros "cartões-postais", todos os laboratórios, em seus estandes, distribuem brindes.
Em Roma, a Folha observou a distribuição de sacolas, pen-drives e mouses. Os médicos presentes também puderam "brincar" com jogos eletrônicos, tirar fotos nos estandes e despachá-las na mesma hora para os parentes.
No estande da Bayer, cinco jogadores -todos médicos- competiam para responder a dez questões formuladas sobre os produtos da empresa. A vencedora, uma médica alemã, não quis dizer qual foi o prêmio. "Por que você quer saber?", indagou ela. Três médicas italianas, que ficaram em último lugar no jogo, se contentaram com um pen-drive cada uma.
No estande da Eli Lilly, a festa ficou por conta de coloridas sacolas de compras. A médica Aviva Avny, de Israel, colecionava três delas, cada uma com uma estampa diferente.
Também com três sacolas promocionais, o médico coreano Jong Wook parou no estande da Novo Nordisk para tirar fotos, que seriam enviadas, logo depois, aos filhos na Coréia.


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