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Especialistas temem influência de laboratórios sobre médicos
ENVIADA ESPECIAL A ROMA
A indicação de remédios a
"pré-doentes" é vista com desconfiança por especialistas em
bioética, especialmente, pela
grande influência que os laboratórios têm sobre os médicos.
Hoje, a indústria farmacêutica é uma das maiores responsáveis pela "atualização" dos especialistas das mais diversas
áreas médicas. E isso não ocorre somente no Brasil.
Em eventos, como no congresso europeu de diabetes,
que terminou ontem em Roma,
a maioria dos 17 mil médicos
presentes -e também muitos
dos jornalistas- estava a convite do setor farmacêutico.
Além da hospedagem em hotéis cinco estrelas (que chegam
a custar 600 a diária) e jantares em lugares que parecem
verdadeiros "cartões-postais",
todos os laboratórios, em seus
estandes, distribuem brindes.
Em Roma, a Folha observou
a distribuição de sacolas, pen-drives e mouses. Os médicos
presentes também puderam
"brincar" com jogos eletrônicos, tirar fotos nos estandes
e despachá-las na mesma hora
para os parentes.
No estande da Bayer, cinco
jogadores -todos médicos-
competiam para responder a
dez questões formuladas sobre
os produtos da empresa. A vencedora, uma médica alemã, não
quis dizer qual foi o prêmio.
"Por que você quer saber?", indagou ela. Três médicas italianas, que ficaram em último lugar no jogo, se contentaram
com um pen-drive cada uma.
No estande da Eli Lilly, a festa ficou por conta de coloridas
sacolas de compras. A médica
Aviva Avny, de Israel, colecionava três delas, cada uma com
uma estampa diferente.
Também com três sacolas
promocionais, o médico coreano Jong Wook parou no estande da Novo Nordisk para tirar
fotos, que seriam enviadas, logo depois, aos filhos na Coréia.
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