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Contradição marca campanha de empresa
DA REDAÇÃO
As campanhas de economia de
água não podem ficar sob responsabilidade das empresas de abastecimento porque há uma contradição nisso: as companhias precisam vender seu produto.
"Há uma ambiguidade própria
das companhias de saneamento.
Por mais que façam campanhas,
existe uma tensão básica: querem
manter o consumo em determinado nível, mas não desejam que
caia muito, porque vão ter prejuízo", declara a psicóloga social
Nancy Cardia.
"É uma das contradições do
modelo", afirma o professor Pedro Mancuso. "É a mesma coisa
que uma montadora de automóveis dizer aos clientes para não
comprar muitos carros porque
pode faltar. No caso de privatização da Sabesp, essa contradição se
aguçaria."
"Há uma contradição, sim", diz
Jaildo Santos Pereira. "Para uma
empresa de saneamento, água é
um produto. O órgão gestor de
água do Estado deve ser a Secretaria de Recursos Hídricos."
Tarifação
A água captada diretamente dos
rios por indústrias não é cobrada.
A cobrança, prevista na legislação
de recursos hídricos, ainda está
sendo implantada e pode induzir
à redução do desperdício.
O economista alemão Philipp
Hartmann, 31, que faz doutorado
na Universidade de Colônia (Alemanha) sobre cobrança pelo uso
da água no Brasil, defende essa hipótese. "Cobrar a captação no rio
melhora a eficiência. Se as indústrias captam menos por causa do
custo, sobra mais água para consumo geral. Racionaliza o uso."
A cobrança valeria também para as empresas de saneamento.
"Isso poderia ser um incentivo
para reduzir os vazamentos da Sabesp. Ela iria querer colocar tubos
novos para não perder tanta
água", diz Hartmann.
(APF)
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