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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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Contradição marca campanha de empresa

DA REDAÇÃO

As campanhas de economia de água não podem ficar sob responsabilidade das empresas de abastecimento porque há uma contradição nisso: as companhias precisam vender seu produto.
"Há uma ambiguidade própria das companhias de saneamento. Por mais que façam campanhas, existe uma tensão básica: querem manter o consumo em determinado nível, mas não desejam que caia muito, porque vão ter prejuízo", declara a psicóloga social Nancy Cardia.
"É uma das contradições do modelo", afirma o professor Pedro Mancuso. "É a mesma coisa que uma montadora de automóveis dizer aos clientes para não comprar muitos carros porque pode faltar. No caso de privatização da Sabesp, essa contradição se aguçaria."
"Há uma contradição, sim", diz Jaildo Santos Pereira. "Para uma empresa de saneamento, água é um produto. O órgão gestor de água do Estado deve ser a Secretaria de Recursos Hídricos."

Tarifação
A água captada diretamente dos rios por indústrias não é cobrada. A cobrança, prevista na legislação de recursos hídricos, ainda está sendo implantada e pode induzir à redução do desperdício.
O economista alemão Philipp Hartmann, 31, que faz doutorado na Universidade de Colônia (Alemanha) sobre cobrança pelo uso da água no Brasil, defende essa hipótese. "Cobrar a captação no rio melhora a eficiência. Se as indústrias captam menos por causa do custo, sobra mais água para consumo geral. Racionaliza o uso."
A cobrança valeria também para as empresas de saneamento. "Isso poderia ser um incentivo para reduzir os vazamentos da Sabesp. Ela iria querer colocar tubos novos para não perder tanta água", diz Hartmann. (APF)


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