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SAÚDE
Estudo mostra que produto não consegue barrar toda a radiação UVA e recomenda o uso de roupas sob o sol
Filtro solar não dá proteção integral
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo realizado pelo hospital Mount Vernon (Reino Unido), divulgado nas últimas semanas, colocou em xeque a proteção
alardeada por filtros solares contra a radiação UVA -aquela que
penetra profundamente na pele,
associada principalmente ao envelhecimento e ao tipo de câncer
da pele mais grave, o melanoma.
A pesquisa, publicada na revista
"Investigative Dermatology" do
mês passado, diz que, mesmo
aplicado de forma correta, o filtro
permite a passagem da radiação.
Foram usados produtos populares naquele país, com FPS (Fator
de Proteção Solar) alto e que
anunciavam também agir contra
os raios UVA. O estudo conclui
que esses filtros podem encorajar
as pessoas a ficar mais tempo ao
sol, aumentando o risco para o
câncer. Alternativas: cobrir a pele
com roupas e evitar o sol.
Para dermatologistas, a pesquisa reforça um conceito que nada
tem de novo, mas que precisa ser
melhor divulgado. Não basta filtro solar para estar em paz sob o
sol. "O que estamos dizendo é que
nenhuma proteção é integral", diz
o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Márcio
Rutowitsch. "Filtro solar não é armadura", afirma Rogério Izar,
chefe do setor de oncologia cutânea do Hospital do Câncer.
A proteção deve ser garantida
por camiseta, óculos e filtro com
FPS (Fator de Proteção Solar) acima de 15. Deve ser passado várias
vezes e sem economia. O ideal é
sentir o corpo lambuzado, diz Rutowitsch. "O que sempre destaco é
que não há filtro melhor do que
chapéu e roupa", afirma Carlos
Eduardo Alves Santos, chefe da
dermatologia do Instituto Nacional de Câncer.
Outra estratégia de proteção
que ganha força no país é o estímulo à checagem do IUV (Índice
Ultra Violeta), que consegue medir a intensidade da radiação na
superfície da terra (veja quadro
nesta página).
O câncer de pele é mais frequente no país, representa 25% de todos os tumores malignos registrados. Entre os tipos de câncer de
pele, o mais grave, o melanoma, é
o menos frequente.
Rutowitsch destaca que o estudo não investigou a proteção para
raios UVB, que têm um comprimento de onda menor, causam a
vermelhidão e também estão associados ao câncer.
Há dois tipos de filtro, os químicos, que barram os raios UVB, e
os físicos, que barram os UVA.
Dermatologistas recomendam
produtos que combinem ambos.
O FPS que aparece nas embalagens é para a proteção para raios
UVB. Um fator 8, por exemplo,
garante que uma pessoa possa ficar oito vezes mais tempo ao sol
sem ficar vermelha -se isso
acontece em dez minutos sem o
filtro, com o protetor ocorrerá em
80 minutos. Um FPS alto não garante um poder muito maior de
bloqueio da radiação. Enquanto o
FPS 15 bloqueia 94% dos raios
UVB, o 60 bloqueia 98%.
(FABIANE LEITE)
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