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São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2003

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SAÚDE

Estudo mostra que produto não consegue barrar toda a radiação UVA e recomenda o uso de roupas sob o sol

Filtro solar não dá proteção integral

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo realizado pelo hospital Mount Vernon (Reino Unido), divulgado nas últimas semanas, colocou em xeque a proteção alardeada por filtros solares contra a radiação UVA -aquela que penetra profundamente na pele, associada principalmente ao envelhecimento e ao tipo de câncer da pele mais grave, o melanoma.
A pesquisa, publicada na revista "Investigative Dermatology" do mês passado, diz que, mesmo aplicado de forma correta, o filtro permite a passagem da radiação. Foram usados produtos populares naquele país, com FPS (Fator de Proteção Solar) alto e que anunciavam também agir contra os raios UVA. O estudo conclui que esses filtros podem encorajar as pessoas a ficar mais tempo ao sol, aumentando o risco para o câncer. Alternativas: cobrir a pele com roupas e evitar o sol.
Para dermatologistas, a pesquisa reforça um conceito que nada tem de novo, mas que precisa ser melhor divulgado. Não basta filtro solar para estar em paz sob o sol. "O que estamos dizendo é que nenhuma proteção é integral", diz o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Márcio Rutowitsch. "Filtro solar não é armadura", afirma Rogério Izar, chefe do setor de oncologia cutânea do Hospital do Câncer.
A proteção deve ser garantida por camiseta, óculos e filtro com FPS (Fator de Proteção Solar) acima de 15. Deve ser passado várias vezes e sem economia. O ideal é sentir o corpo lambuzado, diz Rutowitsch. "O que sempre destaco é que não há filtro melhor do que chapéu e roupa", afirma Carlos Eduardo Alves Santos, chefe da dermatologia do Instituto Nacional de Câncer.
Outra estratégia de proteção que ganha força no país é o estímulo à checagem do IUV (Índice Ultra Violeta), que consegue medir a intensidade da radiação na superfície da terra (veja quadro nesta página).
O câncer de pele é mais frequente no país, representa 25% de todos os tumores malignos registrados. Entre os tipos de câncer de pele, o mais grave, o melanoma, é o menos frequente.
Rutowitsch destaca que o estudo não investigou a proteção para raios UVB, que têm um comprimento de onda menor, causam a vermelhidão e também estão associados ao câncer.
Há dois tipos de filtro, os químicos, que barram os raios UVB, e os físicos, que barram os UVA. Dermatologistas recomendam produtos que combinem ambos.
O FPS que aparece nas embalagens é para a proteção para raios UVB. Um fator 8, por exemplo, garante que uma pessoa possa ficar oito vezes mais tempo ao sol sem ficar vermelha -se isso acontece em dez minutos sem o filtro, com o protetor ocorrerá em 80 minutos. Um FPS alto não garante um poder muito maior de bloqueio da radiação. Enquanto o FPS 15 bloqueia 94% dos raios UVB, o 60 bloqueia 98%.
(FABIANE LEITE)


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