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Projeto no Congresso alivia rigor da "lei seca" para condutor no país
Proposta quase triplica o limite mínimo de álcool no sangue para que o motorista possa ser preso em blitze
Para o deputado, excesso de dureza na chamada "lei seca" leva à injustiça; na França, tolerância zero contra a bebida foi rejeitada
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Menos de seis meses depois
de aprovar penas mais rígidas
para quem dirige sob o efeito de
álcool, a Câmara agora discute
projeto que acaba com a chamada "lei seca". Apresentado
no recesso parlamentar pelo
deputado Pompeo de Mattos
(PDT-RS), o novo texto quase
triplica o limite mínimo de álcool no sangue para que o motorista possa ser preso.
Atualmente, quem for pego
dirigindo com seis decigramas
de álcool por litro de sangue, o
que corresponde a cerca de
uma lata de cerveja ou duas taças de vinho, já pode ser detido.
A nova proposta eleva o nível
para dezesseis decigramas por
litro de sangue.
Além disso, o projeto aumenta o limite permitido de bebida
para o recebimento de multas e
apreensões dos carros. O texto
passa de três para seis decigramas por litro de álcool no sangue o nível para que os motoristas recebam multas gravíssimas e de seis para 12 decigramas a possibilidade de apreensão do veículo.
O projeto está sendo analisado pela Comissão de Viação e
Transportes da Câmara, onde
deve acontecer audiência pública para debater o assunto
quando acabar o segundo turno
das eleições. O deputado Pompeo de Mattos vê excesso de dureza na "lei seca", o que, segundo ele, leva à injustiça.
Para o congressista, os bafômetros que passaram a ser instalados de "tocaia" perto de bares e restaurantes depois da
aprovação da tolerância zero
"apanha inocentes e culpados,
tanto os temíveis beberrões,
quanto os moderados bebedores de um chopinho de fim de
tarde". "Não é aceitável que
com a dureza da lei se queira inverter os costumes nacionais e
transformar todos os cidadãos
abstêmios, consumidores de
sucos de frutas e refrigerantes",
diz na justificativa do projeto.
No intuito de convencer seus
colegas do exagero da lei atual,
Pompeo de Mattos apresenta
dados mostrando que na França a tolerância zero foi rejeitada
pelos congressistas após estudos indicarem que acidentes
mortais são originados por
condutores com taxas de álcool
muito elevada, entre 16 e 30 decigramas por litro de sangue.
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), coordenador da
Frente Parlamentar pelo Trânsito Seguro e um dos responsáveis pela aprovação do projeto
da "lei seca" na Câmara, classifica a idéia como "um aceno à
irresponsabilidade". "O meu
colega [Pompeo de Mattos]
tem que lembrar que não há
uma regra única para todas as
pessoas. Uma lata de cerveja
para mim tem o efeito contrário para um jovem de 18 anos
que não almoçou, por exemplo", disse. Na opinião dele, não
há motivo para mudanças, que
está dando certo, ter entrado
em vigor.
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