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Cremesp arquiva 65% das denúncias de assédio
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois terços das denúncias de
assédio sexual recebidas pelo
Cremesp (Conselho Regional
de Medicina de São Paulo) são
arquivadas, mostra estudo feito
entre 2002 e 2008. Foram 272
denúncias de pacientes contra
médicos paulistas- 35 por ano,
em média- das quais 65% foram arquivadas por falta de
provas, segundo o conselho.
Os ginecologistas lideram as
denúncias, seguidos pelos médicos da saúde da família. Entre
os citados, 15% são reincidentes -foram denunciados pelo
mesmo crime por mais de uma
mulher. Em geral, os acusados
de assédio são homens casados,
entre 40 e 60 anos.
Embora as queixas de assédio representem 1% do total de
denúncias recebido por ano
(4.000 em média) pelo Cremesp, o alto índice de arquivamento levou o conselho a instalar no ano passado uma câmara
técnica para discutir o tema.
"Ficava sempre a palavra do
denunciante contra a do denunciado e a mentalidade de
que, sem provas, não há crimes.
Agora, estamos levando em
conta outros fatores, como a
reincidência. A ideia é agilizar a
apuração da denúncia e o julgamento do caso", explica a médica Ieda Therezinha Verreshi,
conselheira do Cremesp.
A médica diz que outro fator
que dificulta a apuração das denúncias é o silêncio das pacientes. "Muitas faziam a denúncia,
mas depois não voltavam para
prestar depoimento. Têm medo do marido, do companheiro.
Agora, estamos indo até elas
para ouvi-las", conta.
Segundo o ginecologista Nilson Roberto de Mello, presidente da Febrasgo (federação
das sociedades de ginecologia e
obstetrícia), a recomendação é
que, na hora de examinar a paciente, o médico tenha assistência de uma enfermeira ou de
uma auxiliar de enfermagem.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
ORIENTAÇÕES
O médico nunca deve examinar
a paciente sozinho. O conselho de
medicina orienta que uma enfermeira esteja presente
Se possível, a mulher deve ir à
consulta acompanhada
Nenhuma consulta exige que a
mulher fique totalmente nua na
frente do médico
Se perceber qualquer suspeita
de assédio, a mulher deve denunciar o médico na polícia e no
conselho regional de medicina
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