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GENÉRICOS
Abifarma declara que não houve intenção de adiar a lei, considerada "ótima" pelos laboratórios
Associação nega lobby contra remédio
GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local
O presidente da Abifarma (Associação Brasileira das Indústrias
Farmacêuticas), José Eduardo
Bandeira de Mello, nega ter adiado o projeto de lei durante a sua
tramitação no Congresso e afirma
ser a favor dos genéricos.
"É óbvio que nem tudo era o
que queríamos no começo, mas
fomos abrindo mão. A lei é ótima", diz Bandeira de Mello.
Segundo ele, não há nada na lei
de genéricos com que a Abifarma
não concorde. "Se tem alguém
que apoiou a lei fomos nós."
Ele afirma que houve dúvidas
em relação a alguns pontos da lei
mas, no fim, concordou com tudo. "Nós apoiamos a lei", declara.
Bandeira de Mello assinala que
a lei combate os principais pontos
que atingem o consumidor, como, por exemplo, a "empurroterapia" (a farmácia vende remédio
diferente do receitado).
Por isso, a Abifarma sempre foi
a favor dos testes que determinam a eficiência do genérico, chamados de biodisponibilidade e
bioequivalência.
Remédios que não têm testes de
bioequivalência e biodisponibilidade, apóiam-se na "empurroterapia". A lei determina esses testes e, por isso, Bandeira de Mello
diz acreditar que a "lei é um avanço."
Em carta de 29 de maio de 1998,
encaminhada ao ex-deputado federal Paulo Lustosa (PMDB-CE),
Bandeira de Mello afirmou que
"somente a bioequivalência e biodisponibilidade é que pode atestar a igualdade ou equivalência"
dos genéricos e produtos de referência (os de marca).
As cartas enviadas, segundo o
presidente da Abifarma, faziam
parte do exercício de seu dever: o
de expor a opinião da indústria.
"Todas as cartas são transparentes e abertas", afirma. "Tudo foi
absolutamente legítimo."
Ele não aprova o uso da palavra
lobby para descrever o intuito das
cartas. "Lobby é uma palavra pejorativa neste país."
A Abifarma, segundo ele, ficou
feliz com o resultado final da lei.
"Não existe nada nessa lei que não
dê para aceitar", afirma. Quanto
aos pontos da legislação de genéricos que não concordou, ele diz
que faz parte de um processo democrático e se diz satisfeito com
toda a negociação.
"Você negocia. Se não der, não
deu. Isso é democracia", afirma
Bandeira de Mello. "Se existe uma
pessoas transparente, sou eu."
Um dos maiores defensores das
objeções da Abifarma durante as
negociações, o ex-deputado Paulo Lustosa, diz que não foi lobista
da Abifarma. "Lutei para acabar
com a "empurroterapia'", diz.
Segundo Lustosa, todos os pedidos da Abifarma em relação à lei
foram para garantir a saúde do
consumidor, uma vez que "não
existem farmacêuticos nas farmácias" no país.
Destinatário de várias cartas enviadas pela Abifarma durante o
processo de negociação, ele afirma que o resultado final foi bom.
"Agora, só falta o governo esclarecer a lei para a população."
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