São Paulo, domingo, 13 de fevereiro de 2000


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GENÉRICOS
Abifarma declara que não houve intenção de adiar a lei, considerada "ótima" pelos laboratórios
Associação nega lobby contra remédio

GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local

O presidente da Abifarma (Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas), José Eduardo Bandeira de Mello, nega ter adiado o projeto de lei durante a sua tramitação no Congresso e afirma ser a favor dos genéricos.
"É óbvio que nem tudo era o que queríamos no começo, mas fomos abrindo mão. A lei é ótima", diz Bandeira de Mello.
Segundo ele, não há nada na lei de genéricos com que a Abifarma não concorde. "Se tem alguém que apoiou a lei fomos nós."
Ele afirma que houve dúvidas em relação a alguns pontos da lei mas, no fim, concordou com tudo. "Nós apoiamos a lei", declara.
Bandeira de Mello assinala que a lei combate os principais pontos que atingem o consumidor, como, por exemplo, a "empurroterapia" (a farmácia vende remédio diferente do receitado).
Por isso, a Abifarma sempre foi a favor dos testes que determinam a eficiência do genérico, chamados de biodisponibilidade e bioequivalência.
Remédios que não têm testes de bioequivalência e biodisponibilidade, apóiam-se na "empurroterapia". A lei determina esses testes e, por isso, Bandeira de Mello diz acreditar que a "lei é um avanço."
Em carta de 29 de maio de 1998, encaminhada ao ex-deputado federal Paulo Lustosa (PMDB-CE), Bandeira de Mello afirmou que "somente a bioequivalência e biodisponibilidade é que pode atestar a igualdade ou equivalência" dos genéricos e produtos de referência (os de marca).
As cartas enviadas, segundo o presidente da Abifarma, faziam parte do exercício de seu dever: o de expor a opinião da indústria. "Todas as cartas são transparentes e abertas", afirma. "Tudo foi absolutamente legítimo."
Ele não aprova o uso da palavra lobby para descrever o intuito das cartas. "Lobby é uma palavra pejorativa neste país."
A Abifarma, segundo ele, ficou feliz com o resultado final da lei. "Não existe nada nessa lei que não dê para aceitar", afirma. Quanto aos pontos da legislação de genéricos que não concordou, ele diz que faz parte de um processo democrático e se diz satisfeito com toda a negociação.
"Você negocia. Se não der, não deu. Isso é democracia", afirma Bandeira de Mello. "Se existe uma pessoas transparente, sou eu."
Um dos maiores defensores das objeções da Abifarma durante as negociações, o ex-deputado Paulo Lustosa, diz que não foi lobista da Abifarma. "Lutei para acabar com a "empurroterapia'", diz.
Segundo Lustosa, todos os pedidos da Abifarma em relação à lei foram para garantir a saúde do consumidor, uma vez que "não existem farmacêuticos nas farmácias" no país.
Destinatário de várias cartas enviadas pela Abifarma durante o processo de negociação, ele afirma que o resultado final foi bom. "Agora, só falta o governo esclarecer a lei para a população."


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