São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

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SVP conseguiu aprovar medidas anti-imigração

DA REPORTAGEM LOCAL CORRESPONDENTE DA FOLHA

Em setembro de 2007, a imagem com traços infantis de três ovelhas brancas expulsando uma negra de uma bandeira da Suíça causou a reação da ONU.
De autoria do SVP (sigla em alemão do Partido do Povo Suíço, o maior em representantes no Parlamento), o pôster com o lema "Por mais segurança" foi espalhado pelas ruas. Segundo a ONU, que pediu o veto da imagem, o partido incitava o "ódio racial e religioso". Em outro pôster, corvos bicam um mapa da Suíça, e há a frase: "Passe livre para todos? Não".
Um mês depois, o SVP, que já era maioria, saiu fortalecido. Aumentou sua bancada aproveitando-se do enfraquecimento do Partido Social Democrata, o segundo maior do país. O equilíbrio entre direita e esquerda, porém, foi mantido, devido aos votos dos Verdes.
Na Suíça, os representantes do Legislativo, são eleitos por voto direto. O Executivo, eleito indiretamente pelo Parlamento, é formado por um gabinete de sete ministros, que escolhe um presidente. O SVP faz parte da atual coalizão do governo.
Um de seus líderes é o polêmico bilionário Christoph Blocher, ex-ministro da Justiça. Com posições xenófobas e isolacionistas, Blocher conquistou uma das vagas do gabinete em 2003, posição que já não ocupa mais -hoje é vice-presidente do partido. Foi um dos líderes do movimento que impediu a adesão à União Europeia da Suíça, historicamente neutra.
Em 2006, o ultradireitista conseguiu aprovar medidas que endureciam as regras para a concessão de asilo político e limitavam a entrada de imigrantes não-qualificados que não fossem europeus. Eles só seriam aceitos no país se tivessem "capacitação especial".
A proposta foi aprovada em referendo por 68% -é por consultas populares que o país introduz emendas à Constituição e contesta leis votadas no Parlamento. Também por referendo, regiões do país comandadas pelo SVP rejeitaram pedidos de nacionalização de estrangeiros.
O caso da brasileira ocorreu em meio a mais um plebiscito para decidir se os suíços manteriam ou não o acordo de livre circulação pelo país de trabalhadores da União Europeia. Por 59% dos votos, o acordo foi confirmado. (ESTÊVÃO BERTONI e MARCELO NINIO)


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