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ABASTECIMENTO
Sabesp conta com manutenção da retirada de 31,3 mil litros por segundo, mas ela pode ser reduzida no médio prazo
Disputa por Cantareira pode mudar plano
DA REPORTAGEM LOCAL
Além das questões ambientais
envolvidas na construção de represas e na reversão de rios, uma
grande pedra no caminho dos
planos futuros da Sabesp é a revisão da outorga para retirada de
água do sistema Cantareira para a
Grande São Paulo, em agosto.
Hoje a empresa pode captar 31,3
mil litros por segundo da bacia
dos rios Piracicaba, Capivari e
Jundiaí, que formam o Cantareira, mas atendem também cerca de
4 milhões de pessoas em 58 municípios paulistas, principalmente
na região de Campinas, e outras
quatro cidades em Minas Gerais.
Para continuar retirando esse
volume nos próximos 20 anos, o
que está previsto no Plano Diretor
de Abastecimento de Água para a
Grande São Paulo, a Sabesp certamente terá de ceder.
O Comitê das Bacias dos Rios
Piracicaba, Capivari e Jundiaí
(que reúne os governos estadual e
municipais e a sociedade) quer
mais investimentos na região,
principalmente em barragens e
no tratamento de esgoto.
Já o consórcio que congrega
empresas da bacia quer que o sistema Cantareira passe a mandar
para o interior o mesmo volume
de água que chegava lá antes de as
ele ter sido construído: 9.900 l/s e,
no mínimo, nos períodos de estiagem, 6.000 l/s. Hoje a vazão média
para a região fica em 3.000 l/s, podendo chegar a 5.000 l/s.
Ambos cobram que a Sabesp
aumente seu investimento em
proteção de mananciais e alegam
que os rios formadores da bacia
do Piracicaba estão com menores
vazões pela superexploração.
Mudança gradativa
Embora a Sabesp não esteja disposta a abrir mão de nem um litro
por segundo do que sai do Cantareira para a região metropolitana
-onde o sistema atende metade
da população, ou 9 milhões de
pessoas-, o secretário de Estado
da Energia, Recursos Hídricos e
Saneamento, Mauro Arce, diz que
não descarta aumentar a vazão
para o interior no médio prazo.
Desde que tal medida não deixe
pessoas sem água nas torneiras.
"Dizer que vamos já em agosto
aumentar a liberação de água para a bacia do Piracicaba é uma
utopia porque isso significaria desabastecer a Grande São Paulo. E
a Constituição não deixa dúvidas:
a prioridade no uso da água é para
o abastecimento público", afirma.
A saída, diz, pode ser negociar
um cronograma de aumento no
envio de água para o interior, o
que, inevitavelmente, significará
reduzir vazão para a capital e cidades vizinhas. A medida alteraria os planos da Sabesp, que provavelmente teria de voltar a cogitar mananciais distantes e caros.
Arce diz que, na bacia do Piracicaba, as águas do sistema Cantareira são usadas prioritariamente
para diluir esgotos jogados nos
rios sem tratamento e para a agricultura, o que é questionado pelo
comitê e pelo consórcio da região.
As duas entidades afirmam que
as cidades estão investindo em
tratamento de esgoto e em conscientização dos agricultores e que
contam com a aprovação da cobrança pelo uso da água no Estado como forma de conseguir mais
recursos para melhorias.
Caberá à ANA (Agência Nacional de Águas) definir os novos termos da outorga do Cantareira.
(MARIANA VIVEIROS)
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