São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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REDE DE CORRUPÇÃO
Há suspeitas de que vereador apontado como destinatário final de propina envie dinheiro para exterior
Polícia investiga conta de Garib nos EUA

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

A Polícia Civil de São Paulo investiga a existência de uma conta corrente em Miami (EUA) em nome do vereador e deputado estadual eleito Hanna Garib (PPB).
Garib é apontado pela polícia como destinatário final do dinheiro arrecado pela máfia dos fiscais da Administração Regional da Sé -um esquema de extorsão promovido por funcionários públicos contra ambulantes e comerciantes.
Segundo o delegado Naief Saad Neto, um dos responsáveis pela investigação da rede de corrupção, a apuração visa saber se Hanna Garib costuma enviar grandes montantes de dinheiro para o exterior sem explicar a origem de seus rendimentos às autoridades.
Os policiais já possuem os dados da conta -nome do banco, número e data de abertura- e devem encaminhar hoje essas referências ao Ministério Público Estadual para que sejam pedidas informações sobre a movimentação financeira de seu titular. Pelo trâmite usual, cabe à Procuradoria Geral de Justiça do Estado solicitar ao Ministério da Justiça que a conta seja rastreada pelos norte-americanos.
A possibilidade de que a conta suspeita tenha sido aberta por Hanna Garib foi confirmada por seu ex-sócio, o economista Sérgio Luiz Janikian, 30. Em depoimento, Janikian confirmou que, em 89, ele mesmo apresentou o vereador a um mexicano que dirigia o banco que detém a conta investigada.
O advogado de Garib disse que vai dar uma procuração à polícia para que ela tenha acesso às contas do vereador, inclusive no exterior (leia texto abaixo).
Janikian foi sócio do parlamentar entre 1988 e 1996 na empresa Ghojan Construtora Ltda, com sede em Guarulhos (Grande SP).
No contrato da Ghojan figuravam como proprietários as empresas Ghogha Empreendimentos Imobiliários -que pertence a Garib e a seu irmão, Fuad Jorge El Ghorayeb- e Janiki Construtora Ltda -de Janikian e sua mãe.
A empresa conjunta era administrada pelo irmão de Garib. Em 96, Janikian vendeu ao vereador o direito de exploração dos empreendimentos da empresa, mas passou a ser o único proprietário contratual da firma, que hoje está em nome da família e permanece fora de atividade.
A polícia investiga a suspeita de que Garib usava a Ghogha para lavagem do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção.
Em depoimentos à polícia, testemunhas disseram que a empresa reduzia o custo de suas obras nas declarações contábeis para justificar a origem de parte do dinheiro arrecado ilegalmente.


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