São Paulo, segunda-feira, 13 de abril de 2009

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Uso de música erudita para aumentar inteligência de bebês é "neuromito"

DA SUCURSAL DO RIO

Ouvir Mozart fará seu bebê inteligente. Aprenda inglês enquanto dorme. Faça do seu filho um gênio. Esses são exemplos de "neuromitos", ou ideias disseminadas supostamente a partir de evidências científicas cujo principal resultado prático é ajudar a vender produtos de qualidade duvidosa.
Um exemplo clássico de neuromito é o de uma experiência com ratos de laboratórios que concluiu que aqueles criados em ambientes repletos de estímulos apresentavam maior produção de sinapses (conexão entre "neurônios") e eram mais ágeis do que os criados em situações com pouco ou nenhum estímulo. A conclusão do estudo foi usada para justificar a necessidade de criar um ambiente de superestímulo para bebês. A constatação, porém, ignora que ratos selvagens já têm no ambiente estímulos suficientes.
"O ser humano nasce programado para se adaptar ao mundo. Em condições normais, a primeira infância não necessita de recursos absurdamente especiais com os quais as pessoas não estão já acostumadas", diz João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto e ex-secretário-executivo do Ministério da Educação.
Para ele, o desafio para as políticas públicas é atuar preventivamente em casos em que os pais têm baixa escolaridade, interagem muito pouco com os filhos ou, em casos extremos, são agressivos ou negligentes.
Métodos que vendem a ideia de que é possível superutilizar a memória também são vistos com ceticismo, já que a capacidade de esquecer conteúdos pouco usados é importante para melhorar a memorização.
Um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre o tema critica métodos que defendem a eficácia de aprender um idioma ouvindo CDs dormindo. Além de não ser comprovado cientificamente, isso pode prejudicar o sono.


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