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Uso de música erudita para aumentar inteligência de bebês é "neuromito"
DA SUCURSAL DO RIO
Ouvir Mozart fará seu bebê
inteligente. Aprenda inglês enquanto dorme. Faça do seu filho um gênio. Esses são exemplos de "neuromitos", ou ideias
disseminadas supostamente a
partir de evidências científicas
cujo principal resultado prático
é ajudar a vender produtos de
qualidade duvidosa.
Um exemplo clássico de neuromito é o de uma experiência
com ratos de laboratórios que
concluiu que aqueles criados
em ambientes repletos de estímulos apresentavam maior
produção de sinapses (conexão
entre "neurônios") e eram mais
ágeis do que os criados em situações com pouco ou nenhum
estímulo. A conclusão do estudo foi usada para justificar a necessidade de criar um ambiente
de superestímulo para bebês. A
constatação, porém, ignora que
ratos selvagens já têm no ambiente estímulos suficientes.
"O ser humano nasce programado para se adaptar ao mundo. Em condições normais, a
primeira infância não necessita
de recursos absurdamente especiais com os quais as pessoas
não estão já acostumadas", diz
João Batista Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto e ex-secretário-executivo do Ministério da Educação.
Para ele, o desafio para as políticas públicas é atuar preventivamente em casos em que os
pais têm baixa escolaridade, interagem muito pouco com os filhos ou, em casos extremos, são
agressivos ou negligentes.
Métodos que vendem a ideia
de que é possível superutilizar a
memória também são vistos
com ceticismo, já que a capacidade de esquecer conteúdos
pouco usados é importante para melhorar a memorização.
Um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico)
sobre o tema critica métodos
que defendem a eficácia de
aprender um idioma ouvindo
CDs dormindo. Além de não ser
comprovado cientificamente,
isso pode prejudicar o sono.
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