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EDUCAÇÃO
Bolsas para devedores e sistema alternativo de avaliação em colégios mostram busca de autonomia na rede privada
Faculdades particulares criam financiamento próprio
ARMANDO PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um programa de financiamento para alunos carentes e outro de
avaliação da qualidade escolar,
ambos privados, estão sendo implantados neste mês e mostram
que os colégios e as faculdades
particulares estão dispostos a executar parte das tarefas feitas normalmente pelo governo.
O Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de
São Paulo) lançou ontem o Programa de Amparo Educativo
Temporário -uma espécie de
crédito educativo privado para
emprestar dinheiro a estudantes
carentes em faculdades. O governo federal tem o Fies (Programa
de Financiamento Estudantil),
voltado para o mesmo público.
Daqui a duas semanas, no dia
26, será a vez de um programa
privado de avaliação escolar.
O governo já tem o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da
Educação Básica), cujo objetivo é
o mesmo: conferir o nível do sistema de ensino (leia texto abaixo).
O Semesp criou uma entidade
independente só para gerenciar o
programa -o Cebrade (Centro
Brasileiro de Desenvolvimento do
Ensino Superior). Segundo o diretor-executivo da entidade, o
economista Marcos Pires Valdívia, a iniciativa não significa desaprovação da política oficial.
"É muito cedo para avaliar o desempenho do governo Lula, mas,
como o Fies não atende na totalidade, precisamos encontrar outros mecanismos. O nosso programa e o Fies não são concorrentes, eles têm de se completar."
Segundo Valdívia, a inadimplência média entre alunos do ensino superior particular é de 20%
no Estado de São Paulo.
Há 800 mil alunos em instituições privadas no Estado. Isso significa que 160 mil são devedores
-temporários ou permanentes.
"O Cebrade não vai resolver o
problema de financiamento dos
alunos. É praticamente impossível atingir esse número. O que
tentamos é amenizar", diz.
Como no esquema oficial, o aluno começa a pagar o financiamento depois de um ano de formado (veja quadro ao lado).
Diferentemente do Fies, não há
cobrança de juros, mas o aluno
tem de pagar conforme o custo
atualizado das mensalidades.
O Semesp diz não ter o percentual de reajuste médio dos cursos
de instituições particulares no último ano. "Os aumentos têm sido
pequenos, por causa das dificuldades dos alunos", diz Valdívia.
As inscrições, nas próprias faculdades, devem ser feitas a partir
da próxima semana.
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