São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Sistema de segurança é adequado, diz diretor

Atendentes que orientam o público são responsáveis pela segurança das obras

Prédio da Pinacoteca dispõe de câmeras, mas não há vigilantes armados; sistema de segurança foi revisado depois de furto no Masp

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Diretor da Pinacoteca do Estado, Marcelo Araújo classifica a segurança do museu como "adequada". Segundo ele, após o furto de quadros do Masp no ano passado, houve uma "revisão" em todo o sistema. Não há seguranças armados no prédio. Araújo, que já dirigiu o museu Lasar Segall, diz que os responsáveis por zelar pelas obras são os atendentes que orientam o público. "Não tem sentido transformar um museu numa instituição que bloqueie o acesso do público", afirmou em entrevista à Folha.

 

FOLHA - Na sua opinião, a segurança da Pinacoteca é adequada?
MARCELO ARAÚJO -
É adequada. Mas em casos de roubo à mão armada não podemos criar o risco da resistência, porque podem haver conseqüências imprevisíveis tanto para os funcionários como para o público nessas situações.

FOLHA - Não há vigilantes?
ARAÚJO -
Temos os atendentes. No andar em que as obras estavam, eles renderam os atendentes, que também são os responsáveis pela vigilância.

FOLHA - Quantos atendentes de sala existem na Pinacoteca?
ARAÚJO -
Temos muitos atendentes, em todas as salas, que ficam ali para orientar o público e zelar pela segurança.

FOLHA - Não existem seguranças armados no local?
ARAÚJO -
Não.

FOLHA - Além de atendentes e câmeras, do que mais a Pinacoteca dispõe para garantir a segurança?
ARAÚJO -
Só da vigilância humana e das câmeras.

FOLHA - A Pinacoteca tomará medidas para aumentar a segurança?
ARAÚJO -
Estamos resolvendo agora os problemas concretos referentes a esse episódio. Depois vamos avaliar questões gerais de segurança.

FOLHA - Acha necessário incrementar esse sistema?
ARAÚJO -
Acho que nosso sistema de segurança é bastante adequado. A Pinacoteca do Estado é aberta ao público. Não tem sentido transformar um museu numa instituição que bloqueie o acesso do público. Mas podemos fazer uma revisão, sim, e ver quais são as possibilidades de aprimoramento nessa área.

FOLHA - Existe posto policial a poucos metros da Pinacoteca. Isso não intimidou a ação dos criminosos?
ARAÚJO -
Não. Eles vieram à luz do dia, sem disfarce, sem nada...

FOLHA - Após o furto no Masp, o governo anunciou investimentos na segurança dos museus. No caso da Pinacoteca do Estado, houve algum tipo de incremento?
ARAÚJO -
Fizemos revisão de todo o sistema.

FOLHA - Vocês têm suspeita de participação de funcionários?
ARAÚJO -
Não há suspeitos.

FOLHA - Na sua opinião, não seria possível evitar o assalto?
ARAÚJO -
Do ponto de vista de prevenção, acho que todas as medidas foram tomadas. Mas é complicado quando se tem um assalto à mão armada. O museu tem que zelar pela segurança, mas tem que se manter aberto. Não pode ter barreiras a ponto de impedir o acesso e afastar as pessoas. A questão é: o que leva as pessoas a fazerem esses roubos? São obras conhecidas que obviamente nunca vão poder ser comercializadas legalmente. Temos que nos perguntar quem está por trás disso.

FOLHA - Os assaltantes sabiam o que estavam roubando?
ARAÚJO -
Numa exposição de 200 obras, eles pegaram quatro. Acho que a intenção era mesmo pegar esses quadros.

FOLHA - Existem obras mais caras na exposição do que as roubadas?
ARAÚJO -
Existem, sim.

FOLHA - Das quatro obras roubadas, qual a mais valiosa?
ARAÚJO -
As quatro obras no conjunto custam cerca de R$ 1 milhão. A obra mais valiosa é a de Di Cavalcanti, avaliada em cerca de R$ 700 mil.

FOLHA - O fato de a Pinacoteca ser administrada por uma Organização Social de Cultura limita o poder do Estado de agir na segurança?
ARAÚJO -
Não vejo influência ou relação com o assunto. A administração é feita com um acompanhamento cotidiano da Secretaria da Cultura.

FOLHA - Como fica a imagem da instituição depois do episódio?
ARAÚJO -
É um fato extremamente desagradável e que nos preocupa muito, principalmente na condição em que ocorreu: um roubo em plena luz do dia e à mão armada. Revela a gravidade de uma situação de controle difícil. É uma ameaça a que hoje em dia todas instituições, de certa maneira, estão sujeitas.


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