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Sistema de segurança é adequado, diz diretor
Atendentes que orientam o público são responsáveis pela segurança das obras
Prédio da Pinacoteca dispõe de câmeras, mas não há vigilantes armados; sistema de segurança foi revisado depois de furto no Masp
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Diretor da Pinacoteca do Estado, Marcelo Araújo classifica
a segurança do museu como
"adequada". Segundo ele, após
o furto de quadros do Masp no
ano passado, houve uma "revisão" em todo o sistema.
Não há seguranças armados
no prédio. Araújo, que já dirigiu
o museu Lasar Segall, diz que os
responsáveis por zelar pelas
obras são os atendentes que
orientam o público. "Não tem
sentido transformar um museu
numa instituição que bloqueie
o acesso do público", afirmou
em entrevista à Folha.
FOLHA - Na sua opinião, a segurança da Pinacoteca é adequada?
MARCELO ARAÚJO - É adequada.
Mas em casos de roubo à mão
armada não podemos criar o
risco da resistência, porque podem haver conseqüências imprevisíveis tanto para os funcionários como para o público
nessas situações.
FOLHA - Não há vigilantes?
ARAÚJO - Temos os atendentes.
No andar em que as obras estavam, eles renderam os atendentes, que também são os responsáveis pela vigilância.
FOLHA - Quantos atendentes de
sala existem na Pinacoteca?
ARAÚJO - Temos muitos atendentes, em todas as salas, que
ficam ali para orientar o público e zelar pela segurança.
FOLHA - Não existem seguranças
armados no local?
ARAÚJO - Não.
FOLHA - Além de atendentes e câmeras, do que mais a Pinacoteca dispõe para garantir a segurança?
ARAÚJO - Só da vigilância humana e das câmeras.
FOLHA - A Pinacoteca tomará medidas para aumentar a segurança?
ARAÚJO - Estamos resolvendo
agora os problemas concretos
referentes a esse episódio. Depois vamos avaliar questões gerais de segurança.
FOLHA - Acha necessário incrementar esse sistema?
ARAÚJO - Acho que nosso sistema de segurança é bastante
adequado. A Pinacoteca do Estado é aberta ao público. Não
tem sentido transformar um
museu numa instituição que
bloqueie o acesso do público.
Mas podemos fazer uma revisão, sim, e ver quais são as possibilidades de aprimoramento
nessa área.
FOLHA - Existe posto policial a poucos metros da Pinacoteca. Isso não
intimidou a ação dos criminosos?
ARAÚJO - Não. Eles vieram à luz
do dia, sem disfarce, sem nada...
FOLHA - Após o furto no Masp, o
governo anunciou investimentos na
segurança dos museus. No caso da
Pinacoteca do Estado, houve algum
tipo de incremento?
ARAÚJO - Fizemos revisão de
todo o sistema.
FOLHA - Vocês têm suspeita de participação de funcionários?
ARAÚJO - Não há suspeitos.
FOLHA - Na sua opinião, não seria
possível evitar o assalto?
ARAÚJO - Do ponto de vista de
prevenção, acho que todas as
medidas foram tomadas. Mas é
complicado quando se tem um
assalto à mão armada. O museu
tem que zelar pela segurança,
mas tem que se manter aberto.
Não pode ter barreiras a ponto
de impedir o acesso e afastar as
pessoas.
A questão é: o que leva as pessoas a fazerem esses roubos?
São obras conhecidas que obviamente nunca vão poder ser
comercializadas legalmente.
Temos que nos perguntar
quem está por trás disso.
FOLHA - Os assaltantes sabiam o
que estavam roubando?
ARAÚJO - Numa exposição de
200 obras, eles pegaram quatro. Acho que a intenção era
mesmo pegar esses quadros.
FOLHA - Existem obras mais caras
na exposição do que as roubadas?
ARAÚJO - Existem, sim.
FOLHA - Das quatro obras roubadas, qual a mais valiosa?
ARAÚJO - As quatro obras no
conjunto custam cerca de R$ 1
milhão. A obra mais valiosa é a
de Di Cavalcanti, avaliada em
cerca de R$ 700 mil.
FOLHA - O fato de a Pinacoteca ser
administrada por uma Organização
Social de Cultura limita o poder do
Estado de agir na segurança?
ARAÚJO - Não vejo influência
ou relação com o assunto. A administração é feita com um
acompanhamento cotidiano da
Secretaria da Cultura.
FOLHA - Como fica a imagem da
instituição depois do episódio?
ARAÚJO - É um fato extremamente desagradável e que nos
preocupa muito, principalmente na condição em que
ocorreu: um roubo em plena
luz do dia e à mão armada. Revela a gravidade de uma situação de controle difícil. É uma
ameaça a que hoje em dia todas
instituições, de certa maneira,
estão sujeitas.
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