São Paulo, sexta-feira, 13 de junho de 2008

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Peças não são as mais valiosas do acervo, dizem especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

"A gente não sabe por que eles miraram nessas obras", afirmou a diretora-técnica e curadora da Fundação José e Paulina Nemirovsky, Maria Alice Milliet sobre a escolha dos bandidos de levar as quatro peças e não outras expostas na Estação Pinacoteca.
"Talvez as gravuras tenham sido levadas por serem mais fáceis de vender", afirmou ela, referindo-se ao preço inferior das gravuras "O pintor e seu modelo" (1963) e "Minotauro, bebedor e mulheres" (1933), de Pablo Picasso, avaliadas entre US$ 4.000 e US$ 6.000, em relação ao das outras duas obras roubadas. "Casal" (1919), de Lasar Segall, foi avaliado entre US$ 30 mil e US$ 40 mil, e "Mulheres na janela" (1926), de Di Cavalcanti, em US$ 500 mil -os valores foram estimados pela própria diretora.
Ela afirmou ainda que as obras mais valiosas da coleção são as de Tarsila do Amaral, que haviam sido emprestadas para uma exposição na Argentina.
"Ninguém [que roube] tem para quem vender", diz o crítico de arte e historiador Rodrigo Naves. "No exterior, o que se faz é chantagem com a seguradora, negociando por cerca de um décimo do valor. Mas, aqui, é tudo muito amador."

Valor superior
Um dos mais conceituados leiloeiros do Brasil, Jones Bergamin, da Bolsa de Arte, calcula que o valor total das peças roubadas alcance quase R$ 1,5 milhão. "Aquele Di Cavalcanti é da década de 20. Chegaria a R$ 1,2 milhão facilmente". A aquarela de Segall valeria R$ 200 mil, segundo ele.
Bergamin afirma que negociou recentemente um exemplar da gravura "O Pintor e Seu Modelo", de Picasso, por R$ 40 mil. A outra obra roubada teria valor equivalente. Ele lembra ainda que, por se tratarem de gravuras, em que há mais de uma cópia da mesma obra, teoricamente seria fácil de colocá-las no mercado. "Mas há a tiragem, a numeração, o que identificaria os trabalhos."
Pelo menos outras duas telas teriam valor superior ao que foi retirado da Estação Pinacoteca. A tela "Distância", de Tarsila, pode, segundo Bergamin, valer até R$ 10 milhões. "Fachada", pintado na década de 50 por Alfredo Volpi, valeria cerca de R$ 2,4 milhões. Para ele, a ação foi feita por amadores. (MB e TN)


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