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Peças não são as mais valiosas do acervo, dizem especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
"A gente não sabe por que
eles miraram nessas obras",
afirmou a diretora-técnica e
curadora da Fundação José e
Paulina Nemirovsky, Maria
Alice Milliet sobre a escolha
dos bandidos de levar as quatro
peças e não outras expostas na
Estação Pinacoteca.
"Talvez as gravuras tenham
sido levadas por serem mais fáceis de vender", afirmou ela, referindo-se ao preço inferior das
gravuras "O pintor e seu modelo" (1963) e "Minotauro, bebedor e mulheres" (1933), de Pablo Picasso, avaliadas entre
US$ 4.000 e US$ 6.000, em relação ao das outras duas obras
roubadas. "Casal" (1919), de Lasar Segall, foi avaliado entre
US$ 30 mil e US$ 40 mil, e
"Mulheres na janela" (1926), de
Di Cavalcanti, em US$ 500 mil
-os valores foram estimados
pela própria diretora.
Ela afirmou ainda que as
obras mais valiosas da coleção
são as de Tarsila do Amaral, que
haviam sido emprestadas para
uma exposição na Argentina.
"Ninguém [que roube] tem
para quem vender", diz o crítico de arte e historiador Rodrigo
Naves. "No exterior, o que se
faz é chantagem com a seguradora, negociando por cerca de
um décimo do valor. Mas, aqui,
é tudo muito amador."
Valor superior
Um dos mais conceituados
leiloeiros do Brasil, Jones Bergamin, da Bolsa de Arte, calcula
que o valor total das peças roubadas alcance quase R$ 1,5 milhão. "Aquele Di Cavalcanti é
da década de 20. Chegaria a
R$ 1,2 milhão facilmente". A
aquarela de Segall valeria
R$ 200 mil, segundo ele.
Bergamin afirma que negociou recentemente um exemplar da gravura "O Pintor e Seu
Modelo", de Picasso, por R$ 40
mil. A outra obra roubada teria
valor equivalente. Ele lembra
ainda que, por se tratarem de
gravuras, em que há mais de
uma cópia da mesma obra, teoricamente seria fácil de colocá-las no mercado. "Mas há a tiragem, a numeração, o que identificaria os trabalhos."
Pelo menos outras duas telas
teriam valor superior ao que foi
retirado da Estação Pinacoteca.
A tela "Distância", de Tarsila,
pode, segundo Bergamin, valer
até R$ 10 milhões. "Fachada",
pintado na década de 50 por
Alfredo Volpi, valeria cerca de
R$ 2,4 milhões. Para ele, a ação
foi feita por amadores.
(MB e TN)
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