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Promessa não cumprida irrita morador
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles fizeram campanha entre os
moradores, coletaram assinaturas
e acreditaram nas promessas do
governo. Mas a desativação da
carceragem do distrito não ocorreu. E, para piorar, episódios de
resgate e fuga de presos em São
Paulo aumentaram ainda mais o
sentimento de insegurança dos
moradores do bairro.
Para representantes da comunidade que se envolveram em campanhas para o fechamento de carceragens, o atraso no cronograma
de desativações representa desânimo e cobrança dos moradores.
"Lógico que fico desanimado.
Foi um grande esforço da população, mas não obtivemos êxito",
afirmou Carlos Martins, 43, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do
Campo Belo, zona sul de São Paulo. Foi do 27º DP, que serve a área,
que escaparam 147 presos, no fim
de maio, no maior resgate ocorrido em uma delegacia da cidade.
Martins e outros líderes comunitários iniciaram em 2002 uma
campanha pelo fechamento da
carceragem. No ano passado, coletaram 5.000 assinaturas. O abaixo-assinado foi entregue ao governo do Estado.
"Diziam que a desocupação seria em 2003, depois em 2004 e
agora 2005. Sou muito cobrado
pela população", diz Martins. Segundo ele, o episódio de maio aumentou o sentimento de insegurança entre os moradores.
"Pior que a fuga é o medo do
resgate. É uma intranqüilidade
constante porque todos podem
ser vítimas: dos moradores das
proximidades às pessoas que vão
à delegacia registrar uma ocorrência", afirma.
A campanha pela desativação
da carceragem do 5º DP (Aclimação) também está no terceiro ano.
Mas, ao contrário do 27º DP, a
área não é exclusivamente residencial. A carceragem -que no
último dia 29 abrigava 174 presos
em um local destinado para 36-
é vizinha a dois hospitais: o do
Câncer e o do Servidor Público.
"É um barril de pólvora ao lado
de dois hospitais, que têm uma
grande circulação de pessoas",
afirma Anna Maria Murari, 54,
presidente do Conseg Bela Vista/
Bexiga, área que inclui o 5º DP.
Segundo ela, também houve
mobilização dos moradores e a
promessa de desativação por parte da Secretaria da Segurança Pública, no ano passado, que não foi
cumprida. A decisão de fechamento pode vir da Justiça. A Corregedoria Geral da Justiça está
analisando o pedido de desativação feito pelo Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia
Judiciária da Capital).
A Associação Viva o Centro iniciou sua campanha pela desativação das carceragens na capital
paulista por dois distritos na região central (Sé e República). Os
locais foram fechados. Agora, defende o fechamento das carceragens nas imediações do centro e
depois em toda a cidade.
(GP)
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