São Paulo, terça-feira, 13 de julho de 2004

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Promessa não cumprida irrita morador

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles fizeram campanha entre os moradores, coletaram assinaturas e acreditaram nas promessas do governo. Mas a desativação da carceragem do distrito não ocorreu. E, para piorar, episódios de resgate e fuga de presos em São Paulo aumentaram ainda mais o sentimento de insegurança dos moradores do bairro.
Para representantes da comunidade que se envolveram em campanhas para o fechamento de carceragens, o atraso no cronograma de desativações representa desânimo e cobrança dos moradores.
"Lógico que fico desanimado. Foi um grande esforço da população, mas não obtivemos êxito", afirmou Carlos Martins, 43, presidente do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) do Campo Belo, zona sul de São Paulo. Foi do 27º DP, que serve a área, que escaparam 147 presos, no fim de maio, no maior resgate ocorrido em uma delegacia da cidade.
Martins e outros líderes comunitários iniciaram em 2002 uma campanha pelo fechamento da carceragem. No ano passado, coletaram 5.000 assinaturas. O abaixo-assinado foi entregue ao governo do Estado.
"Diziam que a desocupação seria em 2003, depois em 2004 e agora 2005. Sou muito cobrado pela população", diz Martins. Segundo ele, o episódio de maio aumentou o sentimento de insegurança entre os moradores.
"Pior que a fuga é o medo do resgate. É uma intranqüilidade constante porque todos podem ser vítimas: dos moradores das proximidades às pessoas que vão à delegacia registrar uma ocorrência", afirma.
A campanha pela desativação da carceragem do 5º DP (Aclimação) também está no terceiro ano. Mas, ao contrário do 27º DP, a área não é exclusivamente residencial. A carceragem -que no último dia 29 abrigava 174 presos em um local destinado para 36- é vizinha a dois hospitais: o do Câncer e o do Servidor Público.
"É um barril de pólvora ao lado de dois hospitais, que têm uma grande circulação de pessoas", afirma Anna Maria Murari, 54, presidente do Conseg Bela Vista/ Bexiga, área que inclui o 5º DP.
Segundo ela, também houve mobilização dos moradores e a promessa de desativação por parte da Secretaria da Segurança Pública, no ano passado, que não foi cumprida. A decisão de fechamento pode vir da Justiça. A Corregedoria Geral da Justiça está analisando o pedido de desativação feito pelo Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária da Capital).
A Associação Viva o Centro iniciou sua campanha pela desativação das carceragens na capital paulista por dois distritos na região central (Sé e República). Os locais foram fechados. Agora, defende o fechamento das carceragens nas imediações do centro e depois em toda a cidade. (GP)


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