São Paulo, sexta-feira, 13 de julho de 2007

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CPI culpa pilotos do Legacy por acidente

Relatório que ainda será votado aponta que os controladores são responsáveis por negligência, mas de forma não intencional

Comissão sugere que pilotos sejam indiciados por "dolo eventual" no choque com o Boeing da Gol que matou 154 pessoas em 2006

VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório da CPI do Apagão Aéreo da Câmara apontou como principais culpados pelo choque entre o Boeing da Gol e o Legacy da empresa Excel Aire os pilotos do jatinho, Joe Lepore e Jan Paladino. Os controladores de vôo envolvidos no caso também são considerados responsáveis por negligência, mas de forma não intencional.
A CPI sugere que os pilotos sejam indiciados por "dolo eventual" no acidente, que matou 154 pessoas em setembro de 2006, porque não perceberam o desligamento do transponder, equipamento que transmite dados do avião e cuja não-operação é apontada como principal causa da tragédia.
A CPI considera, como a Aeronáutica, que os pilotos o desligaram de forma não intencional. Como eles permaneceram por cerca de uma hora após o desligamento sem falar com centros de controle, a CPI afirma que eles foram responsáveis pelo risco corrido -daí o "dolo eventual".
"Não quiseram (os pilotos) diretamente o resultado, mas tendo consciência de tal, permaneceram indiferentes aos resultados", diz o texto.
Houve críticas. "O relatório foi precipitado ao apontar dolo por parte dos pilotos ou culpa dos controladores. Ninguém sai de casa com a intenção de derrubar um avião", afirmou Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O texto será distribuído a diversos órgãos, como Ministério Público Federal, Justiça Federal, Comando da Aeronáutica e Casa Civil. Já há um inquérito sobre o caso em curso.
Já os controladores de vôo foram responsabilizados de forma culposa -não tiveram cuidado com suas funções durante o episódio, mas não tiveram intenção, segundo o texto.
De acordo com o documento apresentado pelo relator da CPI, Marco Maia (PT-RS), os controladores Felipe Santos dos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar, Leandro José dos Santos Barros e Jomarcelo Fernandes dos Santos atuaram com "negligência e imperícia".
Medidas preventivas não foram tomadas pelos controladores assim que foi detectado que o transponder não funcionava. Além disso, foi apontado equívoco na autorização de altitude quando o jato decolou de São José dos Campos (SP).
O advogado dos controladores não respondeu às ligações até a conclusão desta edição.
De acordo com as investigações da CPI, o fator determinante para o acidente foi o desligamento do transponder do Legacy. Diz o relatório que, mesmo se todos os mecanismos do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro tivessem falhado e mesmo se não houvessem radares, o acidente não teria acontecido se o transponder estivesse ligado.
Com o transponder ligado, estaria ativado o TCAS, equipamento anticolisão que avisa outros aviões do risco de choque e sugere desvios de rota.
Outra conclusão do relatório, que ainda deve ser votado, é a de que não houve falhas nos radares do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.
A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) criticou o fato de o relatório ter isolado o acidente da crise aérea. O relator Marco Maia disse que a infra-estrutura dos aeroportos será um dos temas na segunda fase da CPI.


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