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CPI culpa pilotos do Legacy por acidente
Relatório que ainda será votado aponta que os controladores são responsáveis por negligência, mas de forma não intencional
Comissão sugere que pilotos
sejam indiciados por "dolo
eventual" no choque com o
Boeing da Gol que matou
154 pessoas em 2006
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório da CPI do Apagão
Aéreo da Câmara apontou como principais culpados pelo
choque entre o Boeing da Gol e
o Legacy da empresa Excel Aire
os pilotos do jatinho, Joe Lepore e Jan Paladino. Os controladores de vôo envolvidos no caso também são considerados
responsáveis por negligência,
mas de forma não intencional.
A CPI sugere que os pilotos
sejam indiciados por "dolo
eventual" no acidente, que matou 154 pessoas em setembro
de 2006, porque não perceberam o desligamento do transponder, equipamento que
transmite dados do avião e cuja
não-operação é apontada como
principal causa da tragédia.
A CPI considera, como a Aeronáutica, que os pilotos o desligaram de forma não intencional. Como eles permaneceram
por cerca de uma hora após o
desligamento sem falar com
centros de controle, a CPI afirma que eles foram responsáveis pelo risco corrido -daí o
"dolo eventual".
"Não quiseram (os pilotos)
diretamente o resultado, mas
tendo consciência de tal, permaneceram indiferentes aos
resultados", diz o texto.
Houve críticas. "O relatório
foi precipitado ao apontar dolo
por parte dos pilotos ou culpa
dos controladores. Ninguém
sai de casa com a intenção de
derrubar um avião", afirmou
Vanderlei Macris (PSDB-SP).
O texto será distribuído a diversos órgãos, como Ministério
Público Federal, Justiça Federal, Comando da Aeronáutica e
Casa Civil. Já há um inquérito
sobre o caso em curso.
Já os controladores de vôo
foram responsabilizados de
forma culposa -não tiveram
cuidado com suas funções durante o episódio, mas não tiveram intenção, segundo o texto.
De acordo com o documento
apresentado pelo relator da
CPI, Marco Maia (PT-RS), os
controladores Felipe Santos
dos Reis, Lucivando Tibúrcio
de Alencar, Leandro José dos
Santos Barros e Jomarcelo Fernandes dos Santos atuaram
com "negligência e imperícia".
Medidas preventivas não foram tomadas pelos controladores assim que foi detectado que
o transponder não funcionava.
Além disso, foi apontado equívoco na autorização de altitude
quando o jato decolou de São
José dos Campos (SP).
O advogado dos controladores não respondeu às ligações
até a conclusão desta edição.
De acordo com as investigações da CPI, o fator determinante para o acidente foi o desligamento do transponder do
Legacy. Diz o relatório que,
mesmo se todos os mecanismos do Sistema de Controle do
Espaço Aéreo Brasileiro tivessem falhado e mesmo se não
houvessem radares, o acidente
não teria acontecido se o transponder estivesse ligado.
Com o transponder ligado,
estaria ativado o TCAS, equipamento anticolisão que avisa outros aviões do risco de choque e
sugere desvios de rota.
Outra conclusão do relatório,
que ainda deve ser votado, é a
de que não houve falhas nos radares do Sistema de Controle
do Espaço Aéreo Brasileiro.
A deputada Luciana Genro
(PSOL-RS) criticou o fato de o
relatório ter isolado o acidente
da crise aérea. O relator Marco
Maia disse que a infra-estrutura dos aeroportos será um dos
temas na segunda fase da CPI.
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