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SEGURANÇA
Em pelo menos nove pontos da cidade, motoristas são obrigados a pagar
Tráfico cobra pedágio de perueiros no Rio de Janeiro
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Em pelo menos nove pontos da
cidade do Rio de Janeiro, motoristas de Kombis e vans pagam
pedágios a traficantes de drogas
para poderem circular, acusa sindicato do Rio.
Um dos locais onde ocorre a cobrança é a Ilha do Governador
(zona norte). Traficantes do morro do Dendê exigiriam pedágios
diários de R$ 10 a R$ 15, de segunda a sábado. Quem não paga não
pode circular no bairro.
De acordo com informações da
SMTU (Superintendência Municipal de Transportes Urbanos),
órgão vinculado à prefeitura, existem hoje na cidade do Rio cerca
de 6.000 Kombis e vans regularizadas e outras 18 mil irregulares.
O número diário de usuários atinge 1,6 milhão, só perdendo para
os ônibus.
Selo de identificação
Para identificar quem paga o
"imposto", os traficantes ordenaram que os motoristas colassem o
selo "Coop-Ilha" em todos os veículos. A Coop-Ilha não existe.
A cobrança é feita em seis pontos diferentes, sendo quatro na
Ilha, um em Ramos e outro na Vila da Penha.
Ao todo, segundo levantamento
do Sintral (Sindicato dos Trabalhadores Autônomos do Transporte Alternativo), 364 motoristas
são obrigados a pagar diariamente o pedágio. Com parte do dinheiro arrecadado, informou o
Sintral, os traficantes pagariam
propinas a PMs.
O Sintral estima que, com a cobrança do pedágio, os traficantes
arrecadem uma receita de cerca
de R$ 3.500 por semana e R$ 20
mil por mês.
Outro ponto da cidade onde
traficantes obrigariam motoristas
a pagarem pedágio é na favela do
Taquaral, em Senador Camará
(zona oeste).
Segundo o Sintral, os condutores pagam um pedágio mensal de
R$ 2.000 à quadrilha do traficante
Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, que controla a venda
de drogas no local.
Argumento
O valor do "imposto", de acordo com os motoristas, era de R$
4.000. Como não tinham como
pagar, os condutores tiveram que
sensibilizar os traficantes. Eles argumentaram que, com este valor,
não teriam como continuar circulando e deixariam de transportar
usuários de drogas, o que poderia
trazer prejuízos também ao próprio tráfico. Diante disso, os traficantes concordaram em reduzir a
"tarifa".
O pedágio aos motoristas é cobrado também na favela Vila do
João, no complexo da Maré (zona
norte). Segundo informações do
Disque-Denúncia, cada condutor
paga uma taxa diária de R$ 5 ao
bando do traficante Edmílson
Ferreira dos Santos, o Sassá, chefão do tráfico, para poder circular
pelo local.
A Folha apurou que, no morro
do Vidigal (São Conrado, zona
sul), por exigência do tráfico, os
motoristas são obrigados a doar
mensalmente cestas básicas para
a comunidade. A mesma coisa
ocorre na favela do Muquiço, em
Guadalupe (zona norte)
No bairro de Santa Cruz (zona
oeste), os traficantes já são donos
das Kombis, segundo uma investigação da 36ª Delegacia. A quadrilha que controla a venda de
drogas na favela de Antares lavaria o dinheiro no transporte alternativo. A polícia já identificou pelo menos 30 veículos nas ruas.
Em São Paulo, integrantes do
PCC (Primeiro Comando da Capital) também cobram pedágio
dos chamados perueiros, conforme investiga a polícia. Quem não
paga é morto ou expulso da linha.
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