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Promotoria tenta sufocar finanças do PCC
Caminho é identificar contas bancárias usadas pela facção para movimentar dinheiro vindo de atividades criminosas
Pedidos de quebra de sigilos de movimentações vistas como suspeitas já foram encaminhados à Justiça; tráfico pagava advogados
DA REPORTAGEM LOCAL
"Follow the money." Para
contornar a dificuldade de produzir provas do envolvimento
das lideranças do PCC com as
atividades criminosas extra-muros penitenciários, o imperativo "Siga o dinheiro" -que
parece saído de filmes de
gângster- foi o que funcionou.
Sabe-se que uma característica dos líderes da organização
é nunca atuar diretamente.
Eles sempre agem por intermédio de um terceiro -em geral,
insuspeito de ser da facção.
Segundo o promotor de Justiça Criminal Marcio Christino,
foi com o "siga o dinheiro" que
o círculo se fechou. A polícia já
detectou uma conta bancária
em que a célula oeste (leia texto
à página C1) depositava parte
do dinheiro oriundo da droga.
Era dessa conta que saíam recursos para sustentar advogados dos líderes da facção.
Essa conta mostra todas as
conexões. Tem como depositante um notório traficante e
como destinatário das transferências a liderança do PCC. Para pegar outros envolvidos,
uma lista de sigilos bancários a
serem quebrados já está sendo
analisada pela Justiça. Segundo
Christino, "esse é o caminho
para gerar provas conclusivas
contra os líderes".
Crime instantâneo
O promotor é cauteloso, entretanto, quanto a comemorar
tais resultados. "Não basta perseguir o PCC. Existem medidas
preventivas que precisam ser
tomadas com urgência", diz.
A mais importante, segundo
ele, é a adoção do bloqueador
de celular. "Toda a articulação
da organização é baseada em ligações de celulares. São teleconferências de cinco ou seis
pessoas que passam horas,
combinando a atividade criminosa, discutindo estratégias e,
às vezes, coordenando a ação
exatamente no momento em
que ela está acontecendo."
A polícia e a Promotoria estimam que instalar bloqueadores de celulares nos presídios
destrua de 60% a 70% da capacidade de articulação do PCC.
Há setores das forças de segurança que se opõem aos bloqueadores, alegando que a tão
propalada "inteligência" da polícia na verdade é pouco mais
do que a escuta telefônica.
Os adversários dos bloqueadores acham que, se os bandidos não falarem ao celular, não
se terá informação alguma sobre a atividade da organização.
E a fação ainda poderá continuar operando e distribuindo
ordens por intermédio de advogados e visitas de familiares.
Mas o promotor defende o
aparato: "A relação custo-benefício é favorável ao bloqueador.
Muito embora se perca alguma
informação que hoje é captada
via escuta, não se pode admitir
que [o PCC] pratique e controle
"just in time" uma quantidade
enorme de ações fora das cadeias. O sujeito está executando o crime, e o outro está, lá, na
cadeia, comandando a ação".
Visita e advogado vão continuar passando mensagem? Segundo Christino, vão. "Mas o tempo de comunicação ficará
muito maior."
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