São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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Seqüestrados repórter e técnico da Globo

Guilherme de Azevedo Portanova e um auxiliar técnico foram levados após saírem de uma padaria na zona sul de SP

Autoridades ouvidas pela Folha acreditam que o crime tenha sido ordenado pelo PCC; Polícia Federal auxilia nas investigações

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois funcionários da Rede Globo foram seqüestrados ontem, por volta das 7h50, após saírem de uma padaria na avenida Luis Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo. A Folha apurou que a principal linha de investigação da polícia é de que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) seja a responsável pelo crime.
À noite, o auxiliar técnico Alexandre Calado, 27, foi libertado portando uma fita dos criminosos. Os seqüestradores exigiam que ela fosse transmitida pela Globo.
O repórter Guilherme de Azevedo Portanova, 30, e o auxiliar haviam passado no estabelecimento cerca de uma hora após chegar à emissora, que fica na mesma avenida.
Eles saíram da padaria e entraram na caminhonete da Globo quando, segundo testemunhas ouvidas pela Folha, foram abordados por dois homens armados que também estavam no estabelecimento. Um deles os fez entrar em um Vectra escuro; o outro entrou em um Gol vermelho.
Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da Globo e mexeu nos equipamentos de televisão, mas nada levou.
As testemunhas relataram que outro homem em uma moto participou da ação.
O Vectra foi achado às 8h15 na avenida Portugal, também na zona sul. Ele havia sido roubado no último dia 10. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os criminosos tiraram os seqüestrados do veículo e, com eles, entraram no Gol. Em seguida, o homem que acompanhava o grupo na moto ateou fogo ao Vectra e fugiu.

Investigação
O delegado Dejair Rodrigues, do 96º DP, que investiga o caso, diz que de quatro a cinco pessoas devem estar envolvidas na ação. "Estou há 31 anos na polícia, e é primeira vez que vejo isso, seqüestrar um repórter desse jeito." Rodrigues disse não descartar nenhuma hipótese na linha de investigação.
Indagado se o PCC poderia estar por trás do seqüestro, ele ficou em silêncio. Segundos depois, disse: "Não estou dizendo que é o PCC". Outras autoridades disseram à Folha que a facção criminosa está envolvida.
Segundo o delegado, não foram feitos contatos pelos seqüestradores até o fechamento desta edição. A Polícia Federal auxilia nas investigações.
Foram feitos retratos falados de três dos seqüestradores.
O repórter Portanova cobre principalmente assuntos relacionados à segurança pública na TV Globo.
A emissora emitiu um comunicado em que relata o desaparecimento dos dois funcionários. Após ser informada do seqüestro, a Globo passou a escoltar com seguranças as suas equipes de reportagem.

Família
A Folha falou ontem, por telefone, com a mãe de Portanova, a advogada Maria Elisabeth Lacerda de Azevedo, que autorizou a divulgação do caso. "Vou me inteirar sobre tudo agora. Não tenho cabeça para falar nada, por enquanto", disse ela, logo depois de desembarcar em São Paulo, vinda de Porto Alegre.


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