São Paulo, domingo, 13 de agosto de 2006

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PCC planejava matar 2 juízes, diz polícia

Mensagem estaria em bilhete encontrado com um homem morto após troca de tiros com policiais em Osasco

Por causa da ameaça de ataques no Dia dos Pais, polícia cassou folgas e fez diversas blitze; ontem fez três meses de crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Um bilhete no qual o PCC emitiria uma ordem para que fossem mortos dois juízes do Estado de São Paulo foi encontrada em poder de um homem morto por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) na noite de anteontem.
Segundo a polícia, o bilhete estava em poder de Getúlio Arakaki, que teria praticado um seqüestro relâmpago em Osasco (SP). Estava endereçado "ao mano Getúlio" e teria sido escrito pelo "partido", como os integrantes chamam a facção criminosa. Um dos juízes citados seria de Osasco.
Aos jornalistas, a delegada Jamila Ferrari, da seccional de Osasco, confirmou a existência do manuscrito e do conteúdo, mas não permitiu que a imprensa tivesse acesso a ele, sob a alegação de que era preciso preservar os detalhes e não identificar os juízes citados.
Arakaki e outro homem, ainda não identificado, foram mortos, segundo a polícia, em um tiroteio com a Rota em Osasco. Outros dois criminosos conseguiram fugir.
Os homens são acusados de terem dominado o proprietário de uma picape Mitsubishi L-200 na av. dos Autonomistas, em Osasco. Avisados do roubo, PMs que faziam o patrulhamento na região avistaram o veículo e começaram a persegui-lo. Na esquina das ruas Armênia e Ana Zozi Toni, eles pararam o carro. Dois fugiram, e outros dois começaram a atirar. Segundo os policiais, ambos morreram na troca de tiros.
A vítima saiu ilesa. No momento do tiroteio, o homem ficou deitado no assoalho da picape. Segundo os policiais, foram apreendidos um fuzil e uma espingarda.

Ataques
Na madrugada de ontem, uma base da Guarda Civil Metropolitana, o prédio da Ordem dos Advogados do Brasil e um banco foram alvos de disparos, em São Caetano do Sul (Grande SP). Ninguém ficou ferido.
Por conta das ameaças de ataques do PCC no final de semana do Dia dos Pais, a polícia montou um grande aparato nas ruas. Folgas de quase 100 mil PMs e 30 mil policiais civis foram cassadas. Blitze foram realizadas por toda a cidade, incluindo as saídas de São Paulo.
Na rodovia Ayrton Senna, por exemplo, próximo ao Parque Ecológico do Tietê, a polícia só permitia a passagem dos carros por uma das pistas no sentido interior, o que causou lentidão no trânsito. Havia também barreiras na marginal Pinheiros, perto do Ceagesp, e na ponte Eusébio Mattoso.
Uma das preocupações da polícia é o fato de que 13.085 presos do regime semi-aberto (que podem sair da prisão para trabalhar) tiveram direito ao benefício da saída temporária. Segundo a PM, 113 dos presos que pleitearam a saída no Estado são ligados ao PCC. Não foi divulgado quantos deles foram beneficiados.
Ontem fez três meses que a facção criminosa atacou pela primeira vez. Desde então, já houve mais de mil ataques e mais de 180 pessoas foram mortas, entre agentes do Estado, criminosos e civis.


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