São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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Outro lado

Advogado afirma que pai e filho acusados são inocentes

EM SÃO PAULO

Gustavo Eid Bianchi Prates, advogado de Nicolau Archilla Messa e Renato Garembeck Archilla, disse ontem que eles são inocentes. Ele pretende pedir habeas corpus para libertá-los.
Prates classificou a prisão como "uma violenta decisão". "Meus clientes não só se dizem inocentes como são de fato."
Segundo ele, não há ligação de Nicolau e Renato com o crime. Tanto o inquérito sobre o crime na época, quando os dois foram ouvidos, como o reaberto a pedido da Promotoria não apontaram relação dos acusados com o homicídio, disse.
No contato que teve com pai e filho, pela manhã, Nicolau mostrou-se muito abalado e fisicamente debilitado, segundo Prates -o idoso sofre de câncer. Renato mostrava-se tanto surpreso como chocado.
A Folha tentou sucessivos contatos na casa dos filhos de Nicolau e na chácara, mas nenhum parente foi encontrado.
Fazendeiro em Sorocaba, Nicolau mudou-se há cerca de 30 anos com a mulher, Alice, 80, para São Paulo, onde também moram os filhos, Nicolau, Henrique e o caçula Renato, preso.
Tem cinco netos -três de Nicolau e dois de Henrique, ambos casados. Renato separou-se há um ano e meio e não tem filhos, além de Renata.
Mesmo longe do campo, continuou a lidar com a venda de gado. A chácara da família tornou-se um haras e os filhos trabalham com o comércio dos cavalos. Com parte de suas terras, Nicolau fez um loteamento popular, o Parque Três Meninos -referência aos filhos.
A homenagem aos seus "meninos" condiz com o modo como Nicolau lida com a família, segundo a administradora da chácara Noêmia Neemias Pereira de Oliveira, 57. "Ele é uma pessoa meiga, excelente. Ele se dá muito bem com a mulher e os filhos. Conversa com eles, dá conselhos, tem amizade."
Ao lado de Alice, com quem está casado há cerca de 50 anos, tem uma vida tranqüila, segundo ela. "São caseiros. Quando vêm a Sorocaba, a cada dois meses, ficam só na chácara. Nunca foram de festa."
Nicolau é um homem generoso. Ajuda a quem pede, incluindo seus funcionários -remédios, cesta básica. Em Sorocaba, contribui com mensalidade de R$ 60 ao hospital Francisco Ribeiro Arantes.
A funcionária conta ter ouvido um vez Nicolau referir-se à publicitária Renata como "um não muito bom elemento, que casou e ainda continuava a pedir mais dinheiro [a pensão]".

Câncer
Há três anos, Nicolau recebeu o diagnóstico de câncer de intestino. Passou por cirurgia que lhe tirou 80 cm do órgão. A doença atingiu também fígado e pulmão e, desde então, o idoso se trata em São Paulo.
Ontem, quando foi preso, estava marcada para a tarde uma série de exames. Alice também tem a saúde frágil. Sofre do coração e já passou por cirurgia, há três anos.
Ontem à tarde, segundo Noêmia, o filho mais velho, Nicolau, ligou para avisá-la que o pai está bem de saúde, apesar da prisão. Ela procurou transmitir a notícia aos outros empregados e aos amigos que ligaram preocupados com a notícia.
Amigo de infância do patriarca, Vitor Monaldo, 77, ouviu os comentários da prisão e ficou surpreso. Ele o descreve como um sujeito tranqüilo. "Ele é sempre muito direito nas coisas dele. A palavra dele vale muito", disse. "Eu lamento, muito. Ele é muito meu amigo. Não acredito que tenha feito isso", disse. "Não acredito, mas a vida a gente não sabe." (JC)


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