São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2008

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Paulista terá novo piso com 4 meses de atraso e 33% mais caro

Reforma iniciada em julho do ano passado termina até o final deste mês; alterações no projeto custaram R$ 2,7 milhões a mais

Pedestres e entidades elogiam piso acessível a deficientes, mas reclamam de falta de verde, desnível em relação a prédios e primeiros remendos

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A reforma na calçada da avenida Paulista, a principal de São Paulo, termina até o final do mês com atraso, 33% mais cara do que o previsto. A inauguração acontecerá sob críticas de falta de verde, do desnível que o rebaixamento do piso deixou na entrada dos prédios e com os primeiros remendos.
Embora o piso liso e acessível a deficientes físicos seja elogiado pela maioria dos pedestres ouvidos pela Folha, também há queixas contra o projeto -a sujeira ficou mais evidente e perdeu-se a identidade.
Iniciada em julho de 2007, a obra, da Engeform, deveria custar R$ 8,12 milhões e durar nove meses. Agora, a Secretaria das Subprefeituras afirma que a reforma termina em agosto, com quatro meses de atraso.
A secretaria aumentou o valor pago à empreiteira em R$ 2.692.713,69 alegando que não havia previsto, por exemplo, colocar placas de sinalização no entorno da Paulista para avisar sobre as obras.
Além disso, a pasta comandada por Andrea Matarazzo afirma que foi preciso trocar mais sarjetas e caixas de passagem de concessionárias do que o previsto, entre outras mudanças em relação ao projeto.
Para a superintendente da Associação Paulista Viva, Marly Lemos, não considerar a instalação de placas no projeto é "no mínimo estranho". "Se o cimento tivesse subido esses 33%, tudo bem, mas não prever coisas óbvias é meio esquisito."
Segundo ela, a associação, uma das defensoras da acessibilidade na Paulista, não concorda com a nova calçada. "A obra já vai ser entregue com problemas, tem lugar que empoça, desnível para prédios e tampa de caixa em cima de rampa para pedestre."
Também ficou mais evidente a sujeira. As manchas pretas causam contraste maior no piso liso do que antes, no mosaico português, preto e branco.
A presidente da associação de moradores de Cerqueira Cézar, Célia Marcondes, diz que recebe mais críticas do que elogios. "O piso liso melhorou bastante, mas faltou verde."
Outro problema são os remendos feitos por empresas que precisam abrir a calçada, como as concessionárias de serviços públicos.
Em frente ao número 286, uma área do tamanho de um carro foi remendada pela Eletropaulo. "Ficou uns 15 dias aberto, depois fecharam assim mesmo", conta o controlador de acesso do prédio, Cleudson Oliveira de Moura. A prefeitura lançou, na semana passada, uma cartilha com normas de como trabalhar no local.
A própria prefeitura também pode ser obrigada a fazer um recorte nas placas de concreto por exigência do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico). O órgão queria manter parte do piso em mosaico e fez um acordo para que uma faixa fosse preservada em frente a seis prédios tombados. A faixa foi colocada em cinco locais, mas falta cumprir o trato no Colégio Rodrigues Alves, que a prefeitura quer renegociar.


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