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SADOMASOQUISMO 3
Local só aceita cadastrados por caixa postal; adeptos levam sacolas com apetrechos e roupas de casa
Praticantes frequentam clubes fechados
da Reportagem Local
Os bares sadomasoquistas costumam funcionar em todo o mundo como clubes fechados. Em São
Paulo não é diferente.
Para frequentar a noite sadomasoquista de um bar na zona oeste
da cidade (o proprietário prefere
não divulgar o nome da casa) é
preciso escrever para uma caixa
postal para se cadastrar.
O clube tem hoje cerca de 30
clientes assíduos das noites S&M,
que acontecem sempre às terças-feiras.
O proprietário do bar, Agilson
Braz, 30, resolveu montar a casa
depois de morar dez anos em Paris, onde trabalhou em clubes sadomasoquistas. "Fiz o clube para
que as pessoas pudessem liberar
suas fantasias", declara.
O bar funciona dentro de alguns
códigos. Mulheres não entram e os
frequentadores devem estar vestidos de preto. "Muitos clientes trazem uma sacola de casa com a
roupa e os apetrechos", diz.
Os frequentadores que não são
cadastrados ou não estão vestidos
de acordo com o código são barrados na porta. "Não queremos que
os curiosos atrapalhem os verdadeiros adeptos."
Segundo Agilson, nunca ninguém saiu ferido do bar. "As pessoas adeptas da prática respeitam
certos limites."
O escritor V., 25, faz parte do
grupo cadastrado para as noites
sadomasoquistas do clube. Ele
conta que prefere ser dominado.
"O bom é ser uma coisa que fica
no limite da dor, a dor ajuda a exacerbar os sentidos."
Ele se considera um sadomasoquista leve. "Não gosto de coisas
muito violentas, prefiro a sensação de ser dominado." Mas, segundo ele, a tática varia de acordo
com a atração física. "Posso chegar a exercer o papel sádico se me
sentir atraído pela pessoa".
Ele explica que a relação S&M
não inclui penetração. "Isso é
uma espécie de código. A idéia é
ser bem diferente de uma relação
sexual convencional."
V. costuma ir ao bar vestido com
roupas de couro, a maioria importadas. Mas não costuma namorar
sadomasoquistas. "Já aconteceu,
mas também gosto de ter relações
convencionais."
A casa sadomasoquista mais famosa de São Paulo é o Ateliê Eliana, uma mistura de sex shop e videolocadora instalada no centro
da cidade. Segundo o proprietário
da loja, o alemão Gunter Meier,
54, o local é especializado em fetiches e sadomasoquismo. Tem, segundo, Meier, 2.000 fitas de vídeo
sadomasoquistas e acessórios.
Segundo ele, seu objetivo é
"abrir a cabeça das pessoas". "O
brasileiro ainda é muito cabeça fechada, eles têm medo de liberar
suas fantasias", diz.
Mesmo assim, ele não tem do
que reclamar. "Apesar da crise, o
negócio continua indo bem."
(ANTONINA LEMOS)
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