São Paulo, domingo, 13 de setembro de 1998

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IMIGRAÇÃO
Igreja celebra 50 anos e tenta reunir comunidade dispersa; imigrantes são 35 mil no país
Armênios fazem diáspora às avessas

da Reportagem Local

Em uma tentativa de unir uma comunidade de imigrantes pequena e dispersa -e, no entanto, importante em São Paulo-, a Igreja Católica Apostólica Armênia São Jorge comemora hoje seus 50 anos de existência com uma celebração que pretende atrair pelo menos 400 armênios e descendentes.
"Vamos pregar a união do povo armênio pela fé", diz Datev Karibian, arcebispo da igreja, situada na Ponte Pequena (zona norte).
A religião é o principal elo -senão o único- entre esse povo no Brasil. Os armênios foram os primeiros povos a adotar o cristianismo como religião oficial, em 303.
A história e a cultura de um povo sofrido que veio ao Brasil fugindo de um genocídio turco, recomeçou do zero, batalhou e enriqueceu está sendo esquecida pelos seus netos e bisnetos.
Hoje, a comunidade -que tem estação de metrô e viaduto com seu nome- reúne 35 mil pessoas no país (95% são descendentes). A maioria (25 mil) está em São Paulo. "Infelizmente o povo está recuado, disperso. São poucos os que falam a língua e mantêm os costumes", diz o arcebispo.
Os armênios chegaram ao Brasil entre 1920 e 1926, depois que os turcos dominaram seu território e mataram centenas de milhares de pessoas em 1915. Muitos se tornaram grandes comerciantes depois de trabalhar como mascates ou sapateiros.
Quando chegaram aqui, realizavam suas missas em casas ou galpões com altares improvisados. Em 1935, construíram a primeira igreja armênia, em Osasco.
"Por causa das centenas de anos que o povo viveu sob domínio de outras nações, os armênios vêem a igreja como centro de união", conta o arcebispo Karibian.
Ele diz que cerca de 150 pessoas frequentam as missas dominicais, que duram mais de duas horas e são rezadas em armênio clássico, o krapar. Hoje, no entanto, ele espera que a igreja, com capacidade para 450 pessoas, esteja lotada.



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