São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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PT e PMDB dividem postos estratégicos no setor elétrico

Aliado tem o ministro e comando de estatais; petistas definem política do setor

Desde o início do governo Lula, os secretários-executivos do Ministério de Minas e Energia são diretamente ligados a Dilma Rousseff

LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, saiu do Ministério de Minas e Energia mas não deixou o comando do setor elétrico. O poder na área é dividido entre o PMDB, que ficou com as estatais, e o próprio PT. Representado por técnicos ligados diretamente à ministra, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupa os postos-chaves na definição da política do setor, incluindo investimentos e a regulação.
Aos aliados peemedebistas, Lula reservou o cargo de ministro de Minas e Energia. As principais estatais do setor -Eletrobrás e Furnas- também são dirigidas por representantes indicados, respectivamente, pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e pela bancada peemedebista da Câmara dos Deputados.
A nomeação de Luiz Paulo Conde para a presidência de Furnas, por exemplo, foi uma das grandes batalhas perdidas pela ministra Dilma Rousseff. Contrária à indicação do ex-prefeito do Rio de Janeiro ao cargo, a ministra trabalhou contra, mas cedeu depois de intensa pressão política.
O controle das estatais garante ao PMDB acesso a orçamentos de mais de R$ 8,8 bilhões anuais só para investimentos. São essas empresas as responsáveis pela realização dos investimentos determinados pelo governo no setor.
A Eletrobrás, por exemplo, será sócia do consórcio que vencer a licitação prevista para dezembro da hidrelétrica de Belo Monte, a maior obra de geração de energia no país e um dos símbolos do PAC de Lula.
Um dos sinais mais claros da acomodação de poder no setor elétrico é o próprio Ministério de Minas e Energia. O PMDB chegou lá com a nomeação de Silas Rondeau, ligado a Sarney. Rondeau substituiu Dilma. Hoje, o cargo está com o também peemedebista Edison Lobão. O ministro, no entanto, é obrigado a dividir o poder com o PT da ministra da Casa Civil.
Desde o início do governo Lula, o secretário-executivo do ministério é diretamente ligado a Dilma. Foi assim com Nelson Hubner, que ficou durante a gestão Rondeau e chegou a assumir a pasta interinamente. Continua sendo assim com Márcio Zimmermann, também ligado à ministra. Os secretários-executivos são tradicionalmente encarregado de tocar o dia-a-dia dos ministérios. São as autoridades mais altas depois dos ministros.

Braços
O poder de influência da ministra Dilma Rousseff também se estende à Aneel, a agência responsável por todas as regras para o funcionamento do setor elétrico, e à EPE (Empresa de Pesquisa Energética), que determina onde, quando e quais investimentos devem ser feitos no setor elétrico.
Nelson Hubner, presidente da Aneel, foi secretário-executivo do ministério quando Dilma estava à frente da pasta. Já Maurício Tomalsquin, da EPE, foi indicado pela própria ministra e é tido como nome certo num futuro ministério de um eventual governo Dilma.


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