São Paulo, sexta-feira, 13 de novembro de 2009

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São Paulo não tem central de emergência

Apagão expôs falta de órgão para ações coordenadas; hoje, agentes de trânsito, bombeiros e policiais lidam com emergência separadamente

Prefeitura promete central até 2012, a exemplo do que já ocorre em grandes cidades, como Nova York, Londres e Tóquio

MARIO CESAR CARVALHO
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não conseguem falar por rádio com a central. Queda na rede de computadores da Polícia Civil. Pane no telefone de emergência da Polícia Civil, o 197.
As falhas que pipocaram no blecaute são sintomas de um problema maior, segundo o coronel reformado José Vicente da Silva Filho: a cidade não tem uma central de emergências, como Nova York, Londres ou Tóquio. "Não vi nenhuma ação coordenada", afirma.
A prefeitura diz que um órgão com essas funções deve funcionar até 2012.
Essas centrais têm pelo menos três funções, segundo o coronel: reduzir os danos à população, oferecer respostas em tempo menor e colocar todos os envolvidos sob um mesmo comando. Se a central existisse, caberia a ela comandar a Polícia Militar, a Polícia Civil, os bombeiros, os agentes de trânsito e o serviço de ambulâncias.
No blecaute, a Polícia Militar reuniu seu "gabinete de crise", decidiu reforçar o policiamento, trocou informações com os bombeiros e a Secretaria de Segurança, mas não se comunicou com a Polícia Civil.
Esta, por sua vez, emitiu um "alerta amarelo", que é acionado sempre que a instituição sinta que possa ter seu funcionamento comprometido, segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Domingos Paulo Neto.
Na prática, o alerta amarelo significa que delegacias onde há carceragem tiveram o policiamento reforçado para evitar fugas e resgates. Além disso, as equipes do Garra e do Grupo de Operações Especiais ficaram de prontidão, mas não precisaram entrar em ação.
A Polícia Civil tem uma sala para administrar situações de emergência, mas ela não foi usada. "Achamos que a situação estava tranquila."
Anunciada como projeto no final de 2007, a central de emergência não ficou integralmente pronta por uma razão estratégica, segundo Edsom Ortega, secretário municipal de Segurança Urbana.
A prefeitura preferiu investir progressivamente em órgãos como CET, SPTrans e SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que integrarão a central, em vez de centralizar tudo numa única licitação. Exemplo: a Guarda Civil Metropolitana terá no próximo mês, diz ele, rádios com os quais poderá se comunicar com a PM. O investimento, afirma, foi de R$ 20 milhões.
Ortega diz que a decisão de fazer a central "progressivamente" se deve à experiência negativa da Cidade do México, onde uma licitação para fazer o serviço de uma vez se arrasta por sete anos.
A central de emergência ficará num prédio que será construído na avenida do Estado, na região central, a partir de um projeto em que há mecanismos especiais para não faltar água nem energia. Terá até um abrigo para que os operadores da central possam dormir caso o edifício, numa situação extrema, fique sitiado. Não há nem licitação para a construção do prédio, mas Ortega diz que ele estará pronto até 2012, quando o prefeito Gilberto Kassab (DEM) deixa o cargo.
O secretário acredita que não faltou coordenação durante o blecaute: "O prefeito falou com todo mundo e todo mundo trocou informações".


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