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São Paulo não tem central de emergência
Apagão expôs falta de órgão para ações coordenadas; hoje, agentes de trânsito, bombeiros e policiais lidam com emergência separadamente
Prefeitura promete central até 2012, a exemplo do que já ocorre em grandes cidades, como Nova York, Londres e Tóquio
MARIO CESAR CARVALHO
AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
Agentes da CET (Companhia
de Engenharia de Tráfego) não
conseguem falar por rádio com
a central. Queda na rede de
computadores da Polícia Civil.
Pane no telefone de emergência da Polícia Civil, o 197.
As falhas que pipocaram no
blecaute são sintomas de um
problema maior, segundo o coronel reformado José Vicente
da Silva Filho: a cidade não tem
uma central de emergências,
como Nova York, Londres ou
Tóquio. "Não vi nenhuma ação
coordenada", afirma.
A prefeitura diz que um órgão com essas funções deve
funcionar até 2012.
Essas centrais têm pelo menos três funções, segundo o coronel: reduzir os danos à população, oferecer respostas em
tempo menor e colocar todos
os envolvidos sob um mesmo
comando. Se a central existisse,
caberia a ela comandar a Polícia Militar, a Polícia Civil, os
bombeiros, os agentes de trânsito e o serviço de ambulâncias.
No blecaute, a Polícia Militar
reuniu seu "gabinete de crise",
decidiu reforçar o policiamento, trocou informações com os
bombeiros e a Secretaria de Segurança, mas não se comunicou com a Polícia Civil.
Esta, por sua vez, emitiu um
"alerta amarelo", que é acionado sempre que a instituição
sinta que possa ter seu funcionamento comprometido, segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Domingos Paulo Neto.
Na prática, o alerta amarelo
significa que delegacias onde
há carceragem tiveram o policiamento reforçado para evitar
fugas e resgates. Além disso, as
equipes do Garra e do Grupo de
Operações Especiais ficaram
de prontidão, mas não precisaram entrar em ação.
A Polícia Civil tem uma sala
para administrar situações de
emergência, mas ela não foi
usada. "Achamos que a situação estava tranquila."
Anunciada como projeto no
final de 2007, a central de
emergência não ficou integralmente pronta por uma razão
estratégica, segundo Edsom
Ortega, secretário municipal de
Segurança Urbana.
A prefeitura preferiu investir
progressivamente em órgãos
como CET, SPTrans e SAMU
(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), que integrarão a central, em vez de centralizar tudo numa única licitação.
Exemplo: a Guarda Civil Metropolitana terá no próximo
mês, diz ele, rádios com os
quais poderá se comunicar com
a PM. O investimento, afirma,
foi de R$ 20 milhões.
Ortega diz que a decisão de
fazer a central "progressivamente" se deve à experiência
negativa da Cidade do México,
onde uma licitação para fazer o
serviço de uma vez se arrasta
por sete anos.
A central de emergência ficará num prédio que será construído na avenida do Estado, na
região central, a partir de um
projeto em que há mecanismos
especiais para não faltar água
nem energia. Terá até um abrigo para que os operadores da
central possam dormir caso o
edifício, numa situação extrema, fique sitiado. Não há nem
licitação para a construção do
prédio, mas Ortega diz que ele
estará pronto até 2012, quando
o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) deixa o cargo.
O secretário acredita que não
faltou coordenação durante o
blecaute: "O prefeito falou com
todo mundo e todo mundo trocou informações".
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