São Paulo, domingo, 13 de dezembro de 2009

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Sistema retém a água das chuvas sob a área asfaltada

Mecanismo retarda despejo pluvial nas galerias e permite menor acúmulo na superfície

Custo do material testado na USP é 25% maior do que o do asfalto tradicional e o valor do metro quadrado seria de cerca de R$ 100

Caio Guatelli/Folha Imagem
Área impermeável do estacionamento do Fórum da Barra Funda

DA REPORTAGEM LOCAL

O asfalto poroso que a Escola Politécnica está testando custa 25% a mais do que o usado no revestimento tradicional, segundo o engenheiro Afonso Virgiliis, que escolheu o novo material como tema de sua tese de mestrado na USP.
O preço é mais alto porque asfalto poroso exige uma matéria prima de melhor qualidade -um tipo de asfalto que permite a passagem de água- e um plástico que não existe na técnica tradicional. O material usado para criar o revestimento de um metro quadrado custaria R$ 100.
Outro fator que encarece o produto é que a usina precisa de uma regulagem diferente para produzi-lo -precisa parar até um dia para fazer os ajustes. Esse fator sumiria se uma usina produzisse exclusivamente o novo tipo de revestimento.
O asfalto poroso foi criado há mais de 20 anos para resolver um problema de segurança nas estradas, um fenômeno conhecido como aquaplanagem -é quando as rodas perdem o contato com a pista ao atravessaram uma lâmina de água.
No Brasil, é usado para essa fim em trechos da Nova Dutra. Há pelo menos uma década a técnica é usada para evitar a impermeabilização de solos nos EUA e Europa.
A pista construída na USP é diferente das estradas porque tem um revestimento plástico no fundo, para evitar que a água poluída contamine o solo e eventualmente o lençol freático. "Se não tivesse o plástico, poderíamos criar um novo problema para a cidade", avalia o professor José Rodolfo Martins, que coordena a pesquisa, financiada pela prefeitura de São Paulo.
O plástico retém a água a 35 centímetros abaixo da pista; a água vai para drenos e daí para as galerias pluviais.
O lento escoamento permite um atraso de 50% na velocidade dessa água, segundo Martins. Um rio que encheria um metro num temporal ficaria com meio metro se a técnica fosse empregada em grande escala naquela região.
Martins acredita que em dois anos ele possa ser aplicado em uma rua de verdade.
O material tem uma séria restrição: não pode ser usado em avenidas de trânsito pesado, como as marginais. O máximo que ele resiste são caminhões de pequeno porte ou caminhão de lixo uma vez por dia.
Regina Monteiro, da Emurb, estima que 40% das ruas de São Paulo poderiam receber o asfalto poroso.
Cidades como Denver, nos EUA, oferecem incentivos fiscais para quem usa asfalto poroso em estacionamentos.


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