São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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Risco ainda impede volta de moradores

Boato de que os imóveis interditados pela Prefeitura de São Paulo estavam sendo saqueados fez comerciante voltar ao local

Algumas das famílias que foram desalojadas na região do desabamento na obra queriam entrar nos imóveis para recolher objetos

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores que foram desalojados das casas vizinhas à obra do Metrô, interditadas anteontem pela Prefeitura de São Paulo, em Pinheiros (zona oeste), após o desabamento, foram impedidos ontem pela Polícia Militar e pelo Corpo de Bombeiros de voltar aos imóveis e recolher seus pertences.
Segundo a Defesa Civil, 42 famílias foram levadas a hotéis, somando 132 desalojados. Mas o número de pessoas afetadas pelo acidente é maior, uma vez que vários moradores preferiram ficar na casa de familiares ou de amigos enquanto suas residências não são liberadas.
"Ficou um bando de comida na geladeira que pode estragar. Tenho que tirar isso de lá, mas não me deixaram", reclamava o professor de inglês Rodney Eduardo Gonçalves Ourem, 41, que no dia anterior havia deixado às pressas o terceiro andar do prédio onde mora, na rua Gilberto Sabino, que teve 26 casas desocupadas.
Na rua Capri, são 17 casas interditadas -uma delas condenada à demolição. Na rua Conselheiro Pereira Pinto, um prédio com 12 apartamentos teve que ser esvaziado. Na sexta-feira, a Defesa Civil divulgou que foram 79 casas interditadas.
O professor Rodney afirmou que da janela da sala do seu apartamento é possível ver o estrago causado na obra da futura linha 4-amarela do Metrô. "Aquele guindaste parecia que ia cair sobre o meu prédio", afirmou o professor, que divide o apartamento com uma colega. Ambos foram alojados em hotéis pela prefeitura.
Na mesma rua onde mora o professor de inglês, a Folha acompanhou o drama da comerciante Itália de Sousa Pereira, 57. Ela vive na casa de número 93 com o marido, dois filhos e dois netos.
"Só deu para pegar uma muda de roupas. Mas agora os homens dos bombeiros pediram para eu sair porque a casa corre o risco de cair", disse ela, apontando as rachaduras com mais de 2 m de extensão no piso e na parede do imóvel.
A comerciante contou que voltou para casa depois de ouvir comentários de que ladrões estariam tentando furtar os imóveis interditados. "Meu filho, toda a minha vida está nessa casa. Não posso deixar que ninguém roube nada", diz.
A PM negou que tenha ocorrido alguma tentativa de furto nos imóveis. Afirmou também que todas as casas estão tendo reforço policial.
"O pior é que ninguém dá informação nenhuma", reclamou Carol Gragnoli, 27. Por um descuido da segurança, ela conseguiu entrar na casa.


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