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Risco ainda impede volta de moradores
Boato de que os imóveis interditados pela Prefeitura de São Paulo estavam sendo saqueados fez comerciante voltar ao local
Algumas das famílias que foram desalojadas na região do desabamento na obra queriam entrar nos imóveis para recolher objetos
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores que foram desalojados das casas vizinhas à
obra do Metrô, interditadas anteontem pela Prefeitura de São
Paulo, em Pinheiros (zona oeste), após o desabamento, foram
impedidos ontem pela Polícia
Militar e pelo Corpo de Bombeiros de voltar aos imóveis e
recolher seus pertences.
Segundo a Defesa Civil, 42 famílias foram levadas a hotéis,
somando 132 desalojados. Mas
o número de pessoas afetadas
pelo acidente é maior, uma vez
que vários moradores preferiram ficar na casa de familiares
ou de amigos enquanto suas residências não são liberadas.
"Ficou um bando de comida
na geladeira que pode estragar.
Tenho que tirar isso de lá, mas
não me deixaram", reclamava o
professor de inglês Rodney
Eduardo Gonçalves Ourem, 41,
que no dia anterior havia deixado às pressas o terceiro andar
do prédio onde mora, na rua
Gilberto Sabino, que teve 26 casas desocupadas.
Na rua Capri, são 17 casas interditadas -uma delas condenada à demolição. Na rua Conselheiro Pereira Pinto, um prédio com 12 apartamentos teve
que ser esvaziado. Na sexta-feira, a Defesa Civil divulgou que
foram 79 casas interditadas.
O professor Rodney afirmou
que da janela da sala do seu
apartamento é possível ver o
estrago causado na obra da futura linha 4-amarela do Metrô.
"Aquele guindaste parecia que
ia cair sobre o meu prédio",
afirmou o professor, que divide
o apartamento com uma colega. Ambos foram alojados em
hotéis pela prefeitura.
Na mesma rua onde mora o
professor de inglês, a Folha
acompanhou o drama da comerciante Itália de Sousa Pereira, 57. Ela vive na casa de número 93 com o marido, dois filhos e dois netos.
"Só deu para pegar uma muda de roupas. Mas agora os homens dos bombeiros pediram
para eu sair porque a casa corre
o risco de cair", disse ela, apontando as rachaduras com mais
de 2 m de extensão no piso e na
parede do imóvel.
A comerciante contou que
voltou para casa depois de ouvir comentários de que ladrões
estariam tentando furtar os
imóveis interditados. "Meu filho, toda a minha vida está nessa casa. Não posso deixar que
ninguém roube nada", diz.
A PM negou que tenha ocorrido alguma tentativa de furto
nos imóveis. Afirmou também
que todas as casas estão tendo
reforço policial.
"O pior é que ninguém dá informação nenhuma", reclamou
Carol Gragnoli, 27. Por um descuido da segurança, ela conseguiu entrar na casa.
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