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"Quem sai na frente tem esse problema", afirma dermatologista que usa a técnica
DA REPORTAGEM LOCAL
A dermatologista Shirley Borelli, uma das pioneiras em São
Paulo no uso do ultra-som para
combate de gordura localizada,
defende a técnica. A seguir, trechos da entrevista à Folha.
FOLHA - A sra. sabia que o ultra-som não é aprovado pela Anvisa?
SHIRLEY BORELLI - Sei que tem
protocolo da Anvisa. Quando a
gente cobra isso do fabricante,
o que ele coloca é que [a aprovação não saiu] por causa da mudança de governo. Trabalhamos com Botox dez anos sem
"FDA approval" [aprovação]
nem "Anvisa approval". Não
quer dizer que não seja seguro.
Tem muita coisa hoje que entra
numa divisão que se chama de
"off label". O uso clínico mostra
que as técnicas têm valor.
FOLHA - Mas é preciso que estudos
mostrem a segurança do produto...
BORELLI - Sim, mas o ultra-som
tem estudos europeus há seis
anos. Como a gente, como médico, se sente seguro em comprar isso? Para vocês [jornalistas], é o fato de publicar ou não
um dado. Pra gente, é investir
R$ 150 mil, R$ 200 mil na tecnologia. Normalmente você vai
atrás de tudo que foi publicado.
Mas há aparelhos americanos
em que os trabalhos [científicos] são todos comprados.
FOLHA - A experiência com o aparelho ainda é muito recente.
BORELLI - Em algum momento
a coisa começa. Tem certificado europeu, tem protocolo da
Anvisa e agora, provavelmente,
vai sair com o "FDA approval".
FOLHA - Mas, sem aval da Anvisa, o
uso é irregular no país.
BORELLI - Acredito que sim, como foi o do Botox. Mas aí, quando eu tenho certificado europeu, protocolo correndo na Anvisa e já existe aparelhagem
usando o conceito, eu tenho segurança. E, hoje, mais que isso,
eu tenho resposta terapêutica.
FOLHA - O fabricante diz que se pode perder 300 g de gordura de uma
só vez. Isso não afeta o organismo?
BORELLI - Não, é como se comesse um saco de batata frita.
FOLHA - Mas equivale a 11 Big
Macs...
BORELLI - Nunca tive essa noção. A gente faz avaliação para
ter certeza que a pessoa não
tem problema com metabolismo da gordura nem de absorção hepática. Todo mundo que
sai na frente tem esse problema. Imagina quando comecei a
trabalhar com laser há 27 anos.
Quase fui linchada. Com os
anos, você vê que essa tecnologia é super, [naquela época] não
tinha nada de aprovado. Se for
esperar esse tipo de aprovação,
você perde o trem. Já imaginou
esperar dez anos pelo Botox?
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