São Paulo, domingo, 14 de janeiro de 2007

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"Quem sai na frente tem esse problema", afirma dermatologista que usa a técnica

DA REPORTAGEM LOCAL

A dermatologista Shirley Borelli, uma das pioneiras em São Paulo no uso do ultra-som para combate de gordura localizada, defende a técnica. A seguir, trechos da entrevista à Folha.  

FOLHA - A sra. sabia que o ultra-som não é aprovado pela Anvisa?
SHIRLEY BORELLI
- Sei que tem protocolo da Anvisa. Quando a gente cobra isso do fabricante, o que ele coloca é que [a aprovação não saiu] por causa da mudança de governo. Trabalhamos com Botox dez anos sem "FDA approval" [aprovação] nem "Anvisa approval". Não quer dizer que não seja seguro. Tem muita coisa hoje que entra numa divisão que se chama de "off label". O uso clínico mostra que as técnicas têm valor.

FOLHA - Mas é preciso que estudos mostrem a segurança do produto...
BORELLI
- Sim, mas o ultra-som tem estudos europeus há seis anos. Como a gente, como médico, se sente seguro em comprar isso? Para vocês [jornalistas], é o fato de publicar ou não um dado. Pra gente, é investir R$ 150 mil, R$ 200 mil na tecnologia. Normalmente você vai atrás de tudo que foi publicado. Mas há aparelhos americanos em que os trabalhos [científicos] são todos comprados.

FOLHA - A experiência com o aparelho ainda é muito recente.
BORELLI
- Em algum momento a coisa começa. Tem certificado europeu, tem protocolo da Anvisa e agora, provavelmente, vai sair com o "FDA approval".

FOLHA - Mas, sem aval da Anvisa, o uso é irregular no país.
BORELLI
- Acredito que sim, como foi o do Botox. Mas aí, quando eu tenho certificado europeu, protocolo correndo na Anvisa e já existe aparelhagem usando o conceito, eu tenho segurança. E, hoje, mais que isso, eu tenho resposta terapêutica.

FOLHA - O fabricante diz que se pode perder 300 g de gordura de uma só vez. Isso não afeta o organismo?
BORELLI
- Não, é como se comesse um saco de batata frita.

FOLHA - Mas equivale a 11 Big Macs...
BORELLI
- Nunca tive essa noção. A gente faz avaliação para ter certeza que a pessoa não tem problema com metabolismo da gordura nem de absorção hepática. Todo mundo que sai na frente tem esse problema. Imagina quando comecei a trabalhar com laser há 27 anos. Quase fui linchada. Com os anos, você vê que essa tecnologia é super, [naquela época] não tinha nada de aprovado. Se for esperar esse tipo de aprovação, você perde o trem. Já imaginou esperar dez anos pelo Botox?


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