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DIREITOS HUMANOS
PF localizou 60 bolivianos, incluindo grávidas, que eram explorados em confecções; coreana foi presa
Polícia descobre trabalho escravo no Brás
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal localizou ontem um grupo de 60 bolivianos,
com mulheres grávidas e crianças, que trabalhavam como escravos em confecções caseiras no
Brás, no centro de São Paulo.
As pequenas fábricas de roupas
funcionavam em um prédio de
cinco andares da rua Rubino de
Oliveira. Em uma dessas confecções, segundo a polícia, havia
uma porta de ferro com tranca
dupla do lado de fora, como as de
celas de prisão, que possibilitava
trancar os trabalhadores.
A coreana Myo Ja Kim Lee, 52,
foi presa em flagrante com base
no artigo 149 do Código Penal,
que define como crime ""reduzir
alguém a condição análoga à de
escravo" sujeito a pena de dois a
oito anos de prisão. O delito é
afiançável pela polícia.
Outros nove inquéritos, um para cada confecção, deveriam ser
instaurados, já que os proprietários não foram localizados durante a operação. O prédio tinha 20
apartamentos, quatro por andar,
e as oficinas de costura se misturavam a pequenos alojamentos.
Em um dos andares, foram encontrados cubículos de dois por
três metros onde famílias de três a
cinco pessoas dormiam onde trabalhavam. Não se sabe ainda se as
crianças também ajudavam os
pais nas tarefas diárias.
Segundo a Polícia Federal, o
prédio foi vistoriado após denúncia anônima recebida pelo Disque-Denúncia de São Paulo, que
relatava a existência de imigrantes
ilegais explorados no Brás. A Pastoral do Imigrante e membros da
comunidade boliviana acompanharam a ação, que envolveu cerca de 30 policiais da capital.
Os bolivianos tinham entre 20 e
25 anos, alguns estavam no país
há menos de três meses.
Ontem à noite, eles foram levados para uma delegacia da Polícia
Federal, onde seriam ouvidos e liberados. Os que estavam em situação irregular no país seriam
notificados a regularizar seus documentos, sob pena de serem expulsos do país.
Com medo, muitos não quiseram falar sobre as condições em
que viviam trancados no prédio,
se eram ameaçados ou se sofreram violência no trabalho.
A Folha não conseguiu falar
com a coreana presa.
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