São Paulo, quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

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Microtráfico abastece área, diz polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

O tráfico de crack na cracolândia é hoje feito em sua maior parte por usuários que atuam como "microtraficantes", segundo a polícia. Três pedras do entorpecente podem ser compradas por menos de R$ 10. De janeiro de 2007 até o mês passado, a polícia prendeu 270 suspeitos de tráfico na região.
A polícia entrevistou mais de cem moradores de rua da cracolândia nos últimos meses e conseguiu traçar um perfil. Cerca de 60% deles se disseram dependentes de drogas e álcool.
A maior parte desse crack é trazida de outros bairros da cidade e oferecida aos usuários nas ruas situadas nos limites da cracolândia.
O entorpecente chega escondido em bicicletas, táxis e até carroças de transporte de material reciclável.
No ano passado, foram apreendidos com esses traficantes cerca de 140 quilos de maconha e sete quilos de crack, cocaína e haxixe, segundo a polícia.

Lixo
A polícia descobriu também que, logo que as lojas baixam as portas, os moradores de rua rasgam os sacos de lixo deixados para a coleta. Dessa forma, o lixo não é recolhido pela prefeitura e eles têm oportunidade para separar material reciclável para vender em ferros-velhos do centro da cidade. Depois, usam o dinheiro ganho para a compra de pedras de crack.
Por causa disso, uma das medidas estudadas pela prefeitura e pela polícia é antecipar a coleta de lixo para horários em que as lojas ainda estejam abertas. Outro recurso que deve ser implementado é o reforço de iluminação nos pontos onde o consumo de drogas é habitual.
Como a lei não permite a prisão de pessoas flagradas usando drogas, os suspeitos são levados para delegacias e assinam um termo circunstanciado, comprometendo-se a se apresentar à Justiça. Depois disso são liberados. No ano passado, foram registrados 140 casos desse tipo.
Segundo a polícia, a presença desses usuários de drogas não afeta os índices de criminalidade da região.
A 1ª Delegacia Seccional, responsável por toda a área central da cidade registrou queda nos índices de furtos (-16%), homicídios (-14%) e roubos (-32%), segundo dados da própria polícia. Os casos de tráfico foram 483 no ano passado, 24% a menos do que em 2006.


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