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PMs são suspeitos de se passar por policiais civis para roubar
Segundo vítima, acusados disseram ser do Denarc e levaram seu celular e R$ 80
Após o crime, na praça da República (centro de SP), PMs foram encontrados pela vítima na fila de boate e foram presos por colegas
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois soldados da Polícia Militar foram presos sob suspeita
de se passarem por policiais civis para assaltar um vendedor
na praça da República, no centro de São Paulo, na madrugada
de ontem. Eles foram detidos
em seguida por colegas acionados pela vítima.
Segundo a Polícia Civil, os
soldados Paulo Henrique Soares, 38, e Carlos Eduardo Santos Salles, 30, estavam à paisana quando abordaram um vendedor de suplementos vitamínicos de 23 anos (que pediu que
o nome não fosse revelado), por
volta das 3h de ontem.
A vítima disse que estava na
praça fumando um cigarro de
maconha enquanto esperava
um ônibus para voltar para casa, quando viu dois homens baterem em uma pessoa que aparentava ser um morador de rua.
Ao verem o vendedor, os homens deixaram o homem e se
dirigiram a ele.
"Os dois me pararam, puxaram uma arma e falaram: "Aqui
é o Denarc" [o Departamento
de Narcóticos, da Polícia Civil]", disse a vítima.
O vendedor disse que os policiais o revistaram e encontraram a maconha, R$ 80 e um celular. "Eles deram um chute para eu abrir as pernas. Quando
eu falei que não ia entregar meu
celular, um deles tirou a arma
da cinta e engatilhou. Levaram
tudo e mandaram eu ir embora." Eles aparentavam estar
embriagados, diz o vendedor.
A vítima procurou socorro
em uma base da PM na praça
Roosevelt, onde foi informada
de que deveria ligar para o 190
(o telefone da PM) se voltasse a
ver seus agressores. Segundo a
Polícia Civil, o vendedor foi
embora e voltou momentos depois à base afirmando que havia
visto os homens na fila de uma
boate na rua Rego Freitas.
Soares e Salles foram abordados por PMs que os reconheceram como colegas de trabalho.
Os dois pertencem a uma unidade da PM vizinha, a 2ª Companhia do 7º Batalhão, responsável pelo patrulhamento na
praça da República.
Investigação
Ao serem revistados, os policiais não estavam com o telefone celular roubado e possuíam
R$ 146. Por não ter provas materiais, policiais civis do 4º Distrito Policial (Consolação) foram até o local do crime e encontraram três testemunhas
que disseram ter visto os suspeitos roubando o vendedor.
"Eu só fui descobrir que os
homens que me assaltaram
eram PMs quando cheguei à
delegacia. Foi uma surpresa total, e agora estou me sentindo
totalmente lesado. O celular
que roubaram valia R$ 1.000",
disse a vítima.
Um pistola de calibre 40 da
Polícia Militar e um revólver de
calibre 38 particular foram
apreendidos com os soldados.
Eles negaram ter cometido o
crime, mas foram indiciados
por roubo e seriam levados na
noite de ontem para o presídio
da PM Romão Gomes, na zona
norte de São Paulo.
O suposto morador de rua
que o vendedor disse ter visto
sendo espancado não foi encontrado.
A PM divulgou nota observando que foi a própria PM
quem deteve os policiais suspeitos. O advogado dos suspeitos não quis dar entrevista.
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