São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2005

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VIOLÊNCIA

Segundo a polícia, jovem de 17 anos, filho de médico e de advogada, confessou ter participado do assassinato em Niterói

Adolescentes são acusados de matar taxista

DA SUCURSAL DO RIO

Um adolescente de 17 anos de família de classe média alta foi preso na manhã de ontem, em Niterói (município a 15 km do Rio), sob acusação de ter participado do assassinato do taxista Ronaldo Diniz de Oliveira, 48. O crime ocorreu na noite de domingo, em Piratininga (na região oceânica, área nobre de Niterói).
Outros dois garotos, de 16 e de 17 anos, também são acusados de participar do crime.
Rogério (nome fictício), que é filho de um conhecido médico de Itaperuna (cidade a 356 km do Rio) e de uma advogada, confessou ter atirado no taxista. À polícia, o rapaz disse que tentou assaltar Oliveira afim de conseguir dinheiro para sair com garotas.
Os policiais, no entanto, não acreditam nessa versão e suspeitam de que ele queria o dinheiro para comprar drogas.
O jovem, ainda segundo a polícia, é usuário de maconha. Os pais do garoto não deram entrevistas. A família, que contou com a ajuda de uma promotora estadual, não deixou que os jornalistas falassem com o adolescente preso.
Na ação, Rogério contou com a ajuda de dois colegas, que também foram presos. Um outro adolescente, de 16 anos, que seria filho de um PM, está sendo procurado. Segundo a polícia, ele teria fornecido a arma do crime, uma pistola que não foi encontrada.
Rogério e os colegas abordaram o taxista por volta das 19h de domingo, na avenida Oswaldo Cruz, no bairro de Icaraí. Os três fingiram ser passageiros e pediram a Oliveira para levá-los até Piratininga, onde haveria uma festa.
No caminho, o grupo anunciou o assalto. Rogério apontou uma pistola para a cabeça do motorista. Um de seus colegas, que sentava no banco da frente, puxou um canivete para o taxista e teria roubado o dinheiro que estava no bolso da camisa.
Quando chegavam a Piratininga, Oliveira tentou jogar o carro em cima de um bar. Rogério, então, efetuou um disparo que atingiu a cabeça do taxista, que morreu na hora. Em seguida, os três rapazes tentaram fugir, mas dois deles foram presos em flagrante pela PM (Polícia Militar). Já Rogério se escondeu na praia e pegou uma van de volta para casa.
Na manhã de ontem, acabou preso em sua casa, no bairro Vital Brasil. Na delegacia, ele disse ter atirado porque o taxista teria dito que estava armado.

Furto
O jovem já tinha passagem pela polícia por furto de uma motocicleta. O crime foi descoberto depois de ele ter sido parado em uma blitz policial. Na ocasião, sua pena foi a prestação de serviços para a comunidade.
O rapaz estuda no colégio Projeção, escola de classe média alta de Niterói. Recebia, por semana, R$ 130 dos pais de mesada. Segundo a polícia, ele usava parte do dinheiro para comprar droga.
A mãe do rapaz disse na delegacia que o filho sempre foi um "santo". A Folha tentou entrar em contato com o pai do garoto em seu consultório em Itaperuna, mas não conseguiu localizá-lo. Os pais do jovem são separados.
Os garotos passaram à noite na carceragem da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, em Niterói. À tarde, foi feita uma acareação entre os acusados. Os outros dois rapazes disseram que a ação foi planejada por Rogério.
Os adolescentes serão encaminhados hoje ao Juizado dos Menores e deverão cumprir medida socioeducativa em alguma unidade que abriga menores infratores no Estado, provavelmente o Instituto Padre Severino, na ilha do Governador (zona norte).


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