São Paulo, terça-feira, 14 de junho de 2011

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Moradores afirmam que polícia ignora traficantes na cracolândia

Segundo eles, apesar de denúncias ao telefone 190, Polícia Militar não faz prisões na região

Ninguém foi detido na noite e na madrugada em que Folha esteve em apartamentos vizinhos a área de tráfico explícito


AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Eram 20h50 da última sexta-feira quando o vendedor Paulo abriu um portão, uma pesada porta de ferro e entrou no prédio em que mora, na região da Luz (centro de São Paulo), literalmente correndo e empurrando um carrinho com seu bebê.
"Se for entrar, vem logo, aqui é muito perigoso", avisou ao repórter, que esperava ao lado do interfone.
Segundo ele, o tráfico e o consumo de drogas na região são explícitos e, mesmo chamada pelos moradores, a Polícia Militar não prende quase ninguém.
Diariamente, mais de dez ligações são feitas ao telefone 190 apontando o problema das drogas na vizinhança, além de roubos.
"Aqui é um território livre para o uso de drogas. Cansamos de ser ignorados pela PM", afirma uma moradora.

MADRUGADA
Na noite de sexta e na madrugada de sábado, a Folha esteve nos apartamentos de três moradores e entrevistou 12 pessoas no local.
Constatou que, apesar das denúncias ao 190 sobre tráfico, uso de drogas e roubos, ninguém foi detido. Quatro pessoas foram abordadas por policiais militares em horários diferentes.
Nos últimos 20 dias, de acordo com os moradores, três carros foram arrombados na região. Houve ainda duas lojas invadidas e quatro pessoas assaltadas.

NOVO PONTO
Desde janeiro, a rua dos Gusmões, próximo a alameda Barão de Limeira, transformou-se em ponto de encontro de viciados em drogas, principalmente crack. Nem a temperatura de 8C da madrugada de sábado espantava as cerca de 300 pessoas que perambulavam pelas redondezas.
Entre elas era possível diferenciar três tipos:
1) noias maltrapilhos, usualmente moradores de rua e que, em muitos casos, se dividem para comprar uma pedra de crack;
2) traficantes, bem vestidos, que raramente consomem droga e circulam o tempo inteiro sobre a massa de gente;
3) e usuários eventuais, que vão à região, fumam uma pedra de crack e saem em seguida.
Nesse terceiro grupo havia até mesmo senhores com cerca de 60 anos vestindo terno e gravata.

FOLHA.com
Veja galeria de imagens da cracolândia
www.folha.com.br/fg3240


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