São Paulo, quarta-feira, 14 de julho de 2004

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MEMÓRIA

Projeto no Rio expõe ruínas das mudanças sofridas pelo Passeio Público desde que foi construído, entre 1779 e 1783

História do 1º parque do país é recuperada

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Uma obra de recuperação do Passeio Público do Rio de Janeiro, primeiro jardim colonial do Brasil, surpreendeu os arqueólogos que trabalham no projeto. Dentro do parque, eles estão encontrando ruínas de construções que ajudam a contar melhor a história de três fases do local.
O Passeio Público fica no centro do Rio. Ele foi construído entre 1779 e 1783 por Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como Mestre Valentim, artista que fez vários chafarizes e fontes para a cidade do Rio na segunda metade do século 18. O local foi o primeiro jardim aberto ao lazer público do Brasil. O objetivo da construção do parque foi aterrar a lagoa do Boqueirão da Ajuda.
Após ficar em estado de abandono, o imperador d. Pedro 2º determinou em 1860 que fosse feita uma grande reforma no Passeio Público. O paisagista francês Auguste François Marie Glaziou foi então contratado para fazer um novo projeto para o parque.
O local sofreu outra grande intervenção no início do século 20, quando o então prefeito do Rio, Pereira Passos, reformou o local e iniciou a construção de um aquário de água salgada. Na década de 20, foi construído também no local um teatro e cassino, demolido durante os anos 30.
O trabalho de recuperação do Passeio Público tem como objetivo mostrar aos visitantes aspectos dessas três grandes intervenções no local. A arqueóloga do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Rosana Najjar, coordenadora desse projeto de arqueologia, conta que, com o trabalho de recuperação, foi possível tornar visível novamente degraus de pedra de uma fonte projetada por Mestre Valentim que estavam enterrados a 65 centímetros de profundidade.
Da reforma Glaziou, será possível ver, por exemplo, restos da casa onde morou o paisagista francês, além de aspectos do traçado dos jardins projetados por ele.
Os principais vestígios da terceira fase do Passeio Público são as ruínas do cassino e teatro.

Pioneiro
Para o secretário municipal das Culturas do Rio, Ricardo Macieiras, a restauração tem como objetivo resgatar a memória de um local que foi pioneiro no Brasil em diversos momentos da história.
"O Passeio Público abrigou o primeiro aquário da América Latina. Foi lá também onde aconteceu a primeira exibição de um filme ao ar livre na cidade. No parque, foram construídos ainda dois pavilhões da Exposição Universal do Rio de Janeiro [de 1922]. Nosso objetivo sempre foi resgatar o desenho original do parque, mas vamos manter sítios arqueológicos no local para que a população possa entender melhor essa linha do tempo que pode ser contada no Passeio Público", afirmou o secretário das Culturas.


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