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MEMÓRIA
Projeto no Rio expõe ruínas das mudanças sofridas pelo Passeio Público desde que foi construído, entre 1779 e 1783
História do 1º parque do país é recuperada
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Uma obra de recuperação do
Passeio Público do Rio de Janeiro,
primeiro jardim colonial do Brasil, surpreendeu os arqueólogos
que trabalham no projeto. Dentro
do parque, eles estão encontrando ruínas de construções que ajudam a contar melhor a história de
três fases do local.
O Passeio Público fica no centro
do Rio. Ele foi construído entre
1779 e 1783 por Valentim da Fonseca e Silva, mais conhecido como
Mestre Valentim, artista que fez
vários chafarizes e fontes para a
cidade do Rio na segunda metade
do século 18. O local foi o primeiro jardim aberto ao lazer público
do Brasil. O objetivo da construção do parque foi aterrar a lagoa
do Boqueirão da Ajuda.
Após ficar em estado de abandono, o imperador d. Pedro 2º determinou em 1860 que fosse feita
uma grande reforma no Passeio
Público. O paisagista francês Auguste François Marie Glaziou foi
então contratado para fazer um
novo projeto para o parque.
O local sofreu outra grande intervenção no início do século 20,
quando o então prefeito do Rio,
Pereira Passos, reformou o local e
iniciou a construção de um aquário de água salgada. Na década de
20, foi construído também no local um teatro e cassino, demolido
durante os anos 30.
O trabalho de recuperação do
Passeio Público tem como objetivo mostrar aos visitantes aspectos
dessas três grandes intervenções
no local. A arqueóloga do Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) Rosana
Najjar, coordenadora desse projeto de arqueologia, conta que, com
o trabalho de recuperação, foi
possível tornar visível novamente
degraus de pedra de uma fonte
projetada por Mestre Valentim
que estavam enterrados a 65 centímetros de profundidade.
Da reforma Glaziou, será possível ver, por exemplo, restos da casa onde morou o paisagista francês, além de aspectos do traçado
dos jardins projetados por ele.
Os principais vestígios da terceira fase do Passeio Público são as
ruínas do cassino e teatro.
Pioneiro
Para o secretário municipal das
Culturas do Rio, Ricardo Macieiras, a restauração tem como objetivo resgatar a memória de um local que foi pioneiro no Brasil em
diversos momentos da história.
"O Passeio Público abrigou o
primeiro aquário da América Latina. Foi lá também onde aconteceu a primeira exibição de um filme ao ar livre na cidade. No parque, foram construídos ainda
dois pavilhões da Exposição Universal do Rio de Janeiro [de 1922].
Nosso objetivo sempre foi resgatar o desenho original do parque,
mas vamos manter sítios arqueológicos no local para que a população possa entender melhor essa
linha do tempo que pode ser contada no Passeio Público", afirmou
o secretário das Culturas.
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