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Foco
Polícia Militar vai proibir bailes funk em favelas de áreas violentas do Rio
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A Polícia Militar vai usar
uma lei de 2008 para impedir
a realização de bailes funk em
favelas de áreas violentas do
Rio. Segundo a PM, traficantes organizam essas festas para atrair consumidores de
drogas e aumentar os lucros.
Bailes no Morro dos Macacos (Vila Isabel) e do Salgueiro
(Tijuca) já estão proibidos.
A lei que regula bailes funk e
festas rave exige, entre outros
pontos, autorização do comandante do batalhão local
da Polícia Militar, que vai autorizar ou não a festa.
Para funkeiros, a decisão da
polícia isola ainda mais as favelas e o funk do restante da
sociedade e viola a liberdade
de expressão.
"O que radicalizou o funk
foi a proibição, nos anos 90, de
os clubes terem festa. O baile
foi para dentro da comunidade, e a favela passou a falar para a favela: as pessoas falam
sobre o que vivem", disse o
MC Leonardo Mota, presidente da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk.
No último sábado, três pessoas foram mortas e seis ficaram feridas em tiroteio entre
a polícia e traficantes no Morro dos Macacos, durante uma
operação policial para coibir a
venda de drogas durante um
baile. Após o episódio, o novo
comandante-geral da PM,
Mário Sérgio Duarte, anunciou a medida.
O plano da PM é coibir as
festas organizando um policiamento ostensivo antes de
começar a aglomeração. A intenção é evitar que incidentes
como o de sábado se repitam.
"Não dá para generalizar.
Alguns bailes têm venda de
drogas e desfiles de armas de
fogo, mas a polícia precisa
chegar antes e avisar a comunidade com antecedência que
a festa está proibida", afirma o
deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP).
"A PM procura coibir a realização de quaisquer eventos
não autorizados, principalmente em que sabidamente
ações criminosas são promovidas, como consumo e vendas de drogas, utilização de armas de fogo. Contudo, a ação
policial é planejada para ser
realizada antes do início do
evento, procurando assim,
evitar o confronto com criminosos armados", informou
nota de ontem da polícia.
A ex-vereadora Verônica
Costa, que se popularizou como a "Mãe Loura do Funk",
critica a proibição.
"É a mesma coisa que uma
mulher ser estuprada e quererem tirar a cama da casa. O
que vão fazer 20 mil pessoas
que não têm direito a lazer?
Elas não têm condição de ir a
uma boate em Ipanema. O
certo seria a PM fazer a segurança do baile", disse ela, que
apresenta shows de funk.
A PM já proibiu a realização
de bailes funk nas favelas ocupadas pelas UPPs (Unidades
de Polícia Pacificadora).
De acordo com MC Leonardo, policiais impedem jovens
até de ouvir o ritmo musical.
"O preconceito é com o
funk, como antigamente o
sambista era preso. A favela
não pode se expressar, que
sempre dizem que é o tráfico.
O funk não é julgado, é condenado desde o início. O que o
jovem da favela, até o traficante, ouve, senão funk? O que o
soldado PM escuta na festa? É
funk!", protesta Leonardo, 34
anos, 17 de funk.
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