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Governo nega ter recebido aviso prévio
Ex-diretor diz que alertou sobre rebelião
DA SUCURSAL DO RIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O ex-diretor de Bangu 1 Ricardo
Couto, exonerado do cargo durante a rebelião, disse ontem que
informou à direção do Desipe
(Departamento do Sistema Penitenciário) e à PM (Polícia Militar)
que poderia haver um "banho de
sangue" dentro da unidade.
Couto disse que, no dia 5 de junho, recebeu um fax do Sinpol
(Serviço de Inteligência da Polícia) informando da possibilidade
de que as facções rivais entrassem
em choque violento.
O ex-diretor afirmou que enviou de imediato ofícios comunicando o fato ao diretor-geral do
Desipe, Edson de Oliveira Rocha
Júnior, à juíza da 1ª Vara Criminal
de Bangu, Sônia Maria Gomes
Pinto, à promotora da Bangu, Valéria Videira, e ao comandante do
14º BPM (Batalhão de Polícia Militar), Miguel Carlou.
O ex-diretor disse que foi injustiçado com a exoneração. Afirmou acreditar, porém, que tenha
havido conivência dos agentes do
presídio com os amotinados. "É
possível que neste caixote tenha
maçã podre", afirmou.
Couto depôs na Draco (Delegacia de Combate ao Crime Organizado), onde foi instaurado inquérito para investigar se houve corrupção em Bangu 1. Ele disse que,
no dia da rebelião, foi seguido por
um Monza e um Golf. Segundo
ele, poderia ser um sequestro para
fazê-lo refém dos rebelados.
Autoridades do governo repetiram ontem que o diretor-geral do
Desipe não recebeu a informação
sobre a iminente chacina. O comandante Miguel Carlou disse o
mesmo.
A cúpula da secretaria também
reafirmou que não aceitou as exigências dos presos rebelados.
Advogado de alguns presos do
CV (Comando Vermelho), Paulo
Cuzzuol mostrou um documento
manuscrito por ele durante a rebelião, com as supostas exigências
dos rebelados: não ser transferidos para outros Estados, receber
garantia de integridade física, não
sofrer violência na revista nem
punições disciplinares. O documento é assinado por quatro negociadores do governo.
O secretário de Justiça, Paulo
Saboya, disse que as assinaturas
apenas indicavam que os negociadores tomavam conhecimento
das exigências.
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