São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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Governo nega ter recebido aviso prévio

Ex-diretor diz que alertou sobre rebelião

DA SUCURSAL DO RIO

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O ex-diretor de Bangu 1 Ricardo Couto, exonerado do cargo durante a rebelião, disse ontem que informou à direção do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) e à PM (Polícia Militar) que poderia haver um "banho de sangue" dentro da unidade.
Couto disse que, no dia 5 de junho, recebeu um fax do Sinpol (Serviço de Inteligência da Polícia) informando da possibilidade de que as facções rivais entrassem em choque violento.
O ex-diretor afirmou que enviou de imediato ofícios comunicando o fato ao diretor-geral do Desipe, Edson de Oliveira Rocha Júnior, à juíza da 1ª Vara Criminal de Bangu, Sônia Maria Gomes Pinto, à promotora da Bangu, Valéria Videira, e ao comandante do 14º BPM (Batalhão de Polícia Militar), Miguel Carlou.
O ex-diretor disse que foi injustiçado com a exoneração. Afirmou acreditar, porém, que tenha havido conivência dos agentes do presídio com os amotinados. "É possível que neste caixote tenha maçã podre", afirmou.
Couto depôs na Draco (Delegacia de Combate ao Crime Organizado), onde foi instaurado inquérito para investigar se houve corrupção em Bangu 1. Ele disse que, no dia da rebelião, foi seguido por um Monza e um Golf. Segundo ele, poderia ser um sequestro para fazê-lo refém dos rebelados.
Autoridades do governo repetiram ontem que o diretor-geral do Desipe não recebeu a informação sobre a iminente chacina. O comandante Miguel Carlou disse o mesmo.
A cúpula da secretaria também reafirmou que não aceitou as exigências dos presos rebelados.
Advogado de alguns presos do CV (Comando Vermelho), Paulo Cuzzuol mostrou um documento manuscrito por ele durante a rebelião, com as supostas exigências dos rebelados: não ser transferidos para outros Estados, receber garantia de integridade física, não sofrer violência na revista nem punições disciplinares. O documento é assinado por quatro negociadores do governo.
O secretário de Justiça, Paulo Saboya, disse que as assinaturas apenas indicavam que os negociadores tomavam conhecimento das exigências.


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