São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2010

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FOCO

Obra parada da Nova Luz vira abrigo para centenas de usuários de crack

Danilo Verpa/ Folhapress
Usuários de crack no centro de São Paulo

ELIANE TRINDADE
ROGÉRIO PAGNAN

DE SÃO PAULO

A antiga cracolândia voltou às origens, agora concentrada nos escombros da obra de demolição dos imóveis que vão ceder lugar ao futuro Complexo Cultural da Luz.
Desde que os trabalhos foram suspensos por causa de disputa judicial, o imenso canteiro virou abrigo para um "exército de farrapos humanos": usuários de crack e moradores de rua.
Uma unidade móvel da Guarda Civil Metropolitana assiste à movimentação em torno da praça Júlio Prestes.
O cálculo é que de 200 e 400 pessoas encontraram abrigo detrás das paredes que ainda estão de pé entre a avenida Duque de Caxias e as ruas Helvétia e Barão de Piracicaba, na área que já foi ocupada pela antiga rodoviária.
A montanha de entulhos serve de moldura para homens, mulheres e crianças maltrapilhos. "Eles saíram da praça e foram para o buraco da obra", conta Susie Ritcher, moradora vizinha.
A polícia não entra ali. "As ocorrências não aumentaram. O problema são as brigas a pauladas e a pedradas entre eles", diz um dos guardas civis do turno da noite de ontem. "Dentro, a gente não entra. É coisa do Estado."
O governo estadual toca o projeto de revitalização batizado de Nova Luz, orçado em R$ 600 milhões. O complexo de 95 mil m2 vai abrigar três teatros e as sedes da Companhia de Dança e da Escola de Música do Estado. A previsão é de inauguração em 2011.
A cracolândia sobre os escombros nasceu da briga de duas empresas -Fator, que ganhou a licitação, e Demolidora ABC, segunda colocada.
A ABC questiona a capacidade técnica e financeira da Fator, que levou o serviço por R$ 3,5 milhões no pregão. O governo estimava um contrato de até R$ 7,5 milhões.
Responsável pela obra, a Secretaria de Cultura do Estado não se manifestou sobre a invasão do canteiro. Informou não ter encontrado um responsável pelo projeto.
A Secretaria de Assistência Social do município diz que tem ação específica para a região, mas a maioria dos frequentadores não aceita ajuda. A Secretaria de Saúde diz ter uma rede de auxílio aos moradores de rua, com ênfase aos usuários de droga.
A Polícia Militar informou que mantém policiamento especial na região central.


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