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Greve trava identificação de vítimas de homicídio
Ato de policiais atrapalha comparação de dados de vítimas com registros de desaparecidos
DHPP afirma que não conseguiu identificar nove corpos encontrados carbonizados desde
o dia 12 de setembro
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve de policiais civis no
Estado de São Paulo, que já dura quase um mês, prejudica o
trabalho das delegacias especializadas na identificação das
vítimas de assassinatos.
Como parte dos Distritos Policiais deixou de registrar boletins de ocorrência de pessoas
desaparecidas -só fazem casos
de homicídios e prisões em flagrantes-, policiais não têm como comparar os dados dos corpos encontrados, muitas vezes
desfigurados, com as características físicas descritas nos registros de desaparecimentos.
O DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa), que não aderiu ao movimento grevista, praticamente
parou as investigações para
identificar nove corpos encontrados carbonizados desde o
dia 12 de setembro.
Segundo policiais civis do
DHPP, que só aceitaram falar
com a Folha sob anonimato, o
número de BOs de desaparecidos registrados por dia na capital caiu de 30, antes da greve,
para cerca de dez.
Além disso, o boletim eletrônico de desaparecidos, que é
feito no site da Secretaria da
Segurança Pública, pela internet, demora para chegar ao departamento e, muitas vezes,
vem com falta de informações.
De acordo com um delegado
do DHPP, toda investigação
para identificar uma vítima de
assassinato começa pela comparação com os casos de desaparecimentos. De posse do BO
é possível, por exemplo, mapear se o corpo achado estava
na mesma área da pessoa que
desapareceu.
Outro ponto é comparar as
características físicas e roupas
da pessoa desaparecida com o
dos corpos encontrados.
No caso dos nove corpos carbonizados, delegados do DHPP
disseram que uma das alternativas adotadas pelas equipes de
investigação do departamento
é deslocar policiais para necrotérios. Lá, os investigadores
procuram por familiares de
pessoas desaparecidas que não
conseguiram registrar BO do
sumiço do parente no DP, devido à greve, e recorrem ao Serviço de Verificação de Óbito.
Outra possibilidade é aguardar o resultado do exame de
DNA feito nos nove corpos.
Mesmo assim, o material genético da vítima terá de ser comparado com o de parentes de
pessoas desaparecidas.
A única certeza do DHPP é
que os corpos carbonizados encontrados estavam em porta-malas ou no banco de trás de
veículos roubados e furtados.
Greve
Ontem, o comando de greve
dos policiais civis disse que pretende agora seguir o governador José Serra (PSDB) em
eventos públicos e que deve fazer um protesto na quinta-feira
perto do Palácio dos Bandeirantes. Os policiais pedem aumento salarial de 15%. O governo chegou a negociar 6,2% com
a categoria.
O presidente da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil),
Luiz Flávio Borges D'Urso, deve se encontrar amanhã com os
secretários Sidney Beraldo, da
Gestão Pública, e Ronaldo Marzagão, da Segurança Pública,
para tentar negociar uma saída
para pôr fim à greve.
Colaborou a Folha Online
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