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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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Distribuição espacial revela perfil de igreja


Universal do Reino de Deus se concentra nas grandes vias; Assembléia de Deus tem menos visibilidade


DA REDAÇÃO

Na zona leste da capital paulista, costuma-se dizer que as igrejas são como padarias -há uma a cada 100 metros, às vezes uma em frente da outra.
O Centro de Estudos da Metrópole procurou fazer uma análise do espaço urbano religioso a partir do endereço das igrejas. Trata-se de um mapeamento que tem alguma imprecisão, pois os registros disponíveis nem sempre são completos e atualizados, mas o número de templos já revela um padrão espacial. Um desses mapas mostra a distribuição da Assembléia de Deus, da Universal do Reino de Deus e também das paróquias católicas na área leste.
Os templos da neopentecostal Universal são situados, em geral, nas principais vias, o que denota uma estratégia de visibilidade e de adesão em massa, aponta Ronaldo de Almeida, do CEM.
"Na tradição protestante, tanto clássica como pentecostal, as igrejas são construídas conforme o crescimento dos fiéis. Na Universal, o templo se instala primeiro para depois produzir os fiéis", analisa Almeida.
O deputado federal Reginaldo Germano (PFL-BA), da Igreja Universal, resume em uma frase o crescimento das pentecostais nas áreas mais pobres: "Os que estão bem de saúde não precisam de médico". Segundo ele, "a Universal vai atrás dos excluídos, dos miseráveis, dos que perderam a auto-estima".
Germano não vê a instalação dos templos nas vias principais como uma estratégia. "É uma necessidade. É uma questão de facilitar o acesso de várias pessoas. Não adianta uma igreja num lugar bom se não há fé."

Capilaridade
A Assembléia de Deus, a maior denominação evangélica do país, com cerca de 400 mil fiéis na capital paulista (o dobro da Universal, segundo o Censo 2000), não tem a mesma visibilidade. A Assembléia não tem uma organização central, como a Universal -é constituída de igrejas com relativa autonomia.
Os templos são construídos onde é "mais viável e plausível", a partir de decisões que emanam da comunidade, explica o pastor da Assembléia de Deus Betesda Ricardo Gondim. Dessa maneira, as Assembléias de Deus são instaladas mais no interior dos bairros, estruturadas em redes familiares e de vizinhança.
As paróquias católicas, de forma geral, ficam nas vias principais. No interior dos bairros, instalam-se as comunidades. No final da década de 80, a Arquidiocese de São Paulo foi dividida, o que diminuiu o poder do cardeal-arcebispo d. Paulo Evaristo Arns, que apoiava a igreja mais ligada ao movimentos sociais.
"Foi uma ação do papado de João Paulo 2º para conter o avanço da igreja progressista. Paralelamente, houve o apoio à Renovação Carismática, que teve a dupla função de conter a igreja progressista e de reproduzir a experiência evangélica no catolicismo", afirma Almeida. (ECD)


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