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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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SAÚDE

Novo processo faz com que pino de titânio que substitui a raiz do dente se fixe instantaneamente ao osso

Implante permite mastigação imediata

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo processo de implante dentário permite que o paciente já saia do cadeira do dentista mastigando. No sistema convencional, isso só possível após seis meses, período necessário para que o implante se integre ao osso (osteointegração).
Chamado de carga imediata, uma referência ao fato de o implante poder receber "carga" logo após a cirurgia, o sistema pode ser utilizado por pessoas que perderam um ou todos os dentes.
Os requisitos básicos são ter saúde sistêmica e bucal, uma boa oclusão e volume e qualidade óssea que permitam a fixação imediata do implante ao osso.
Em geral, no processo convencional, o implante é "sepultado" dentro da gengiva e, seis meses depois, é necessária uma segunda cirurgia para "desenterrá-lo" e colocar a prótese definitiva. No de carga imediata, o pino de titânio se fixa imediatamente ao osso. Apenas uma cirurgia é necessária.
Porém esse tipo de implante é contra-indicado a pessoas que tenham uma camada de osso maxilar ou da mandíbula muito fina. Nesses casos, é preciso fazer primeiro um enxerto ósseo para depois instalar o implante, afirma o cirurgião-dentista Pedro Tortamano Neto, 38, professor da Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo Tortamano, também é necessário avaliar se, após a implantação, o pino está realmente imóvel dentro do osso. O teste é feito por meio de um aparelho que mede ao grau de estabilidade.
Se tudo estiver em ordem, um dente provisório (prótese de resina) é colocado sobre o implante até o que definitivo (prótese de porcelana) fique pronto, o que leva de dois a três meses.
Tecnicamente, não é viável implantar o dente definitivo no mesmo dia da cirurgia, de acordo com Roberto Quiya, técnico em prótese dentária. Segundo ele, a confecção da prótese passa por fases técnicas (tempo de forno, resfriamento, moldagem e revestimento, por exemplo) que precisam ser respeitadas.
Mas há exceções. Em casos mais urgentes, dentista e técnico podem trabalhar juntos para que a colocação do dente definitivo aconteça no mesmo dia, diz a ortodontista Nerli Maria Juliano, 45. Para o professor da Associação Paulista dos Cirurgiões Dentistas José Mandia Júnior, 39, o dente provisório cumpre perfeitamente a função mastigatória durante o período de espera para a colocação da prótese definitiva.
"Essa é a grande vantagem. No sistema convencional, a pessoa não podia receber carga no dente implantado até a cicatrização do osso", afirma Mandia Júnior.
Além da reduzir o tempo de tratamento pela metade, Pedro Tortamano avalia que o resultado estético desse tipo de implante é melhor porque há menos intervenções na gengiva.
Porém isso não quer dizer o sistema convencional será substituído pelo de carga imediata. Na opinião de Mandia Júnior, há lugar para as duas técnicas. "A vida científica da carga imediata é muito curta. Precisamos avaliar caso a caso na hora de indicar e informar o paciente das vantagens e desvantagens", afirma.
Os dentistas também recomendam cuidado na indicação do implante a crianças e adolescentes. Segundo Mandia Júnior, é necessário que haja a maturação óssea dos dentes, o que pode ser verificado por meio de radiografia.
Há vários tipos e preços de implantes no mercado, que podem variar de R$ 500 (nacionais) a US$ 1.500 (importados). Para Tortamano Neto, embora os modelos nacionais tenham melhorado de qualidade nos últimos anos, as taxas de sucesso com os implantes importados ainda são superiores -acima de 95%. "Não há estudos comparativos com os nacionais. Mas, na prática, sabemos que a diferença é grosseira."
Juliano discorda. "Há modelos nacionais com componentes protéticos que não deixam nada a desejar aos importados."
Para Mandia Júnior, existem implantes nacionais muito eficazes, porém, "há outros de péssima qualidade".
Segundo ele, a preferência dos profissionais pelos importados ainda prevalece em razão da maior quantidade de estudos científicos apontando a eficácia desses modelos.


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