São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENCHENTE
Administração impediu proprietários de veículos apreendidos de entrar no local para ver os estragos
Água danifica 300 carros no pátio do DSV

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local

Pelo menos 300 carros retidos no pátio do DSV (Departamento de Operação do Sistema Viário) de São Paulo foram danificados pela enchente de quarta-feira.
Segundo seguranças do pátio 9 de Julho, no Ipiranga (zona sudeste de SP), a água alcançou um metro e meio de altura.
Ontem, dezenas de proprietários tentavam localizar seus veículos, mas foram proibidos pela administração do DSV de entrar.
Por meio da parede lateral do pátio, derrubada pela força da água, os motoristas tentavam visualizar os carros e os estragos provocados pela enchente.
Ontem, o DSV iniciou um trabalho de recuperação dos veículos, com a lavagem de estofamentos e motores.
"Eu não pedi para que abrissem o meu carro, eles nem tinham a chave. Não posso nem entrar para pegar meus documentos", disse a estagiária de direito Ana Karina Bueno, 21, que teve seu Gol guinchado dez minutos antes de o pátio fechar, às 16h50, na quarta.
Os proprietários reclamaram também da falta de informação.
"Por telefone, me falaram que os carros não haviam sido atingidos. Quando cheguei aqui, levei o maior susto", afirmou o advogado Jorge Luis Ayres Coutinho, 42.
Ele não conseguiu ver seu Logus, mas foi informado pelos seguranças do departamento de que havia lama no painel e em todo o estofamento do carro.
O conferente Ananias Queiroz, 23, também estava inconformado com a situação de seu carro, um Fiat Prêmio.
"Meu carro foi apreendido perto do hospital onde a minha filha, de 24 dias, estava internada com meningite e ainda acontece isso. Não sei o que fazer ou a quem recorrer", disse Queiroz.
O gerente David Hertz, 26, conseguiu ver seu carro, um Gol, depois de subir no muro do pátio. "Fiz imagens do meu carro, que estava coberto na lama", afirmou.

Indenização
A advogada Regina Marília Prado Manssur, responsável pela ação movida por motoristas que tiveram seus carros submersos no vale do Anhangabaú, no ano passado, disse que é obrigação do município arcar com danos materiais e morais dos motoristas.
"Além do valor do carro, é preciso levar em conta os dias que essas pessoas ficaram sem locomoção e os prejuízos que tiveram. A indenização deve prever tudo", afirmou a advogada.
Para a advogada, o município não pode cobrar a taxa de guincho (R$ 329) e as diárias do pátio (R$ 16,22).
"Cobrar isso é um absurdo. A prefeitura foi omissa ao não se prevenir contra enchentes", disse Regina.


Texto Anterior: Letras jurídicas - Walter Ceneviva: Lições de um corpo no Paraguai
Próximo Texto: 'Nem deixam a gente chegar perto'
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.