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ENCHENTE
Administração impediu proprietários de veículos apreendidos de entrar no local para ver os estragos
Água danifica 300 carros no pátio do DSV
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
Pelo menos 300 carros retidos
no pátio do DSV (Departamento
de Operação do Sistema Viário)
de São Paulo foram danificados
pela enchente de quarta-feira.
Segundo seguranças do pátio 9
de Julho, no Ipiranga (zona sudeste de SP), a água alcançou um
metro e meio de altura.
Ontem, dezenas de proprietários tentavam localizar seus veículos, mas foram proibidos pela
administração do DSV de entrar.
Por meio da parede lateral do
pátio, derrubada pela força da
água, os motoristas tentavam visualizar os carros e os estragos
provocados pela enchente.
Ontem, o DSV iniciou um trabalho de recuperação dos veículos, com a lavagem de estofamentos e motores.
"Eu não pedi para que abrissem
o meu carro, eles nem tinham a
chave. Não posso nem entrar para
pegar meus documentos", disse a
estagiária de direito Ana Karina
Bueno, 21, que teve seu Gol guinchado dez minutos antes de o pátio fechar, às 16h50, na quarta.
Os proprietários reclamaram
também da falta de informação.
"Por telefone, me falaram que
os carros não haviam sido atingidos. Quando cheguei aqui, levei o
maior susto", afirmou o advogado Jorge Luis Ayres Coutinho, 42.
Ele não conseguiu ver seu Logus, mas foi informado pelos seguranças do departamento de
que havia lama no painel e em todo o estofamento do carro.
O conferente Ananias Queiroz,
23, também estava inconformado
com a situação de seu carro, um
Fiat Prêmio.
"Meu carro foi apreendido perto do hospital onde a minha filha,
de 24 dias, estava internada com
meningite e ainda acontece isso.
Não sei o que fazer ou a quem recorrer", disse Queiroz.
O gerente David Hertz, 26, conseguiu ver seu carro, um Gol, depois de subir no muro do pátio.
"Fiz imagens do meu carro, que
estava coberto na lama", afirmou.
Indenização
A advogada Regina Marília Prado Manssur, responsável pela
ação movida por motoristas que
tiveram seus carros submersos no
vale do Anhangabaú, no ano passado, disse que é obrigação do
município arcar com danos materiais e morais dos motoristas.
"Além do valor do carro, é preciso levar em conta os dias que essas pessoas ficaram sem locomoção e os prejuízos que tiveram. A
indenização deve prever tudo",
afirmou a advogada.
Para a advogada, o município
não pode cobrar a taxa de guincho (R$ 329) e as diárias do pátio
(R$ 16,22).
"Cobrar isso é um absurdo. A
prefeitura foi omissa ao não se
prevenir contra enchentes", disse
Regina.
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