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ACIDENTE
DF irá "monitorar" a rota e o manuseio do gás; Pereira ganhou os cilindros de uma oficina mecânica
Casas atingidas por gás são liberadas
VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha
As nove casas interditadas por
causa do vazamento de cloro gasoso em Ceilândia, cidade-satélite
de Brasília, foram liberadas ontem à tarde. O administrador regional Eduardo Gomes convocou
funcionários públicos para lavar a
rua, fazer faxina nas casas e lavar
louças e utensílios de cozinha das
moradias atingidas.
A dona de casa Maria José Pereira morreu e pelo menos 140
pessoas foram internadas na noite de quarta-feira com problemas
respiratórios depois que um cilindro com 50 kg do gás vazou na garagem da casa do aposentado Edivaldo Pereira, 50. Ele continuava
internado na noite de ontem. Maria José era sua mulher.
O gás vazou depois que Pereira
martelou a válvula do cilindro para tentar retirá-la. As casas interditadas em Ceilândia eram vizinhas à de Pereira.
"Vamos colocar quantos funcionários forem necessários (para
a limpeza)", disse Gomes. Ele afirmou ainda que o poder público
vai pagar a lavanderia que cada
morador escolher para lavar toda
a roupa que estava exposta em casa no dia do vazamento.
A Secretaria da Saúde do Distrito Federal distribuiu, ontem, uma
lista com 11 procedimentos que
devem ser seguidos pelos moradores após a liberação da área.
O primeiro grupo de servidores
chamado por Gomes não pôde
trabalhar porque violava uma
dessas orientações. Parte não usava luva e ninguém calçava sapatos
de borracha fechados.
A exposição muito intensa ao
cloro gasoso pode provocar até lesão permanente dos brônquios, o
que reduz a capacidade pulmonar
e gera insuficiência respiratória. O
mais comum, porém, são lesões
respiratórias passageiras.
O cloro gasoso se dissipa no ar.
As casas foram interditadas porque havia muita concentração do
gás naqueles locais no dia seguinte ao acidente.
Fiscalização
O diretor do Iema (Instituto Estadual do Meio Ambiente), Fernando Oliveira, disse ontem que,
na próxima semana, formará um
grupo de trabalho para "monitorar" a rota e o manuseio do gás no
DF. Ele havia dito à Folha que não
era possível fiscalizar o descarte
de cilindro de cloro gasoso.
Dois cilindros com a substância
estavam em poder de Pereira. Ele
os ganhou de uma oficina mecânica. Os cilindros são, normalmente, usados no tratamento de
água e em limpeza de grandes piscinas e exigem regras rígidas de
manuseio. Os recipientes vazios
devem ser devolvidos aos fabricantes. Os cilindros que estavam
com Pereira foram adquiridos 15
anos atrás pelo proprietário de
uma oficina, que disse não lembrar de quem os comprou.
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