São Paulo, Sábado, 15 de Janeiro de 2000


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ACIDENTE
DF irá "monitorar" a rota e o manuseio do gás; Pereira ganhou os cilindros de uma oficina mecânica
Casas atingidas por gás são liberadas

VALÉRIA DE OLIVEIRA
free-lance para a Folha

As nove casas interditadas por causa do vazamento de cloro gasoso em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, foram liberadas ontem à tarde. O administrador regional Eduardo Gomes convocou funcionários públicos para lavar a rua, fazer faxina nas casas e lavar louças e utensílios de cozinha das moradias atingidas.
A dona de casa Maria José Pereira morreu e pelo menos 140 pessoas foram internadas na noite de quarta-feira com problemas respiratórios depois que um cilindro com 50 kg do gás vazou na garagem da casa do aposentado Edivaldo Pereira, 50. Ele continuava internado na noite de ontem. Maria José era sua mulher.
O gás vazou depois que Pereira martelou a válvula do cilindro para tentar retirá-la. As casas interditadas em Ceilândia eram vizinhas à de Pereira.
"Vamos colocar quantos funcionários forem necessários (para a limpeza)", disse Gomes. Ele afirmou ainda que o poder público vai pagar a lavanderia que cada morador escolher para lavar toda a roupa que estava exposta em casa no dia do vazamento.
A Secretaria da Saúde do Distrito Federal distribuiu, ontem, uma lista com 11 procedimentos que devem ser seguidos pelos moradores após a liberação da área.
O primeiro grupo de servidores chamado por Gomes não pôde trabalhar porque violava uma dessas orientações. Parte não usava luva e ninguém calçava sapatos de borracha fechados.
A exposição muito intensa ao cloro gasoso pode provocar até lesão permanente dos brônquios, o que reduz a capacidade pulmonar e gera insuficiência respiratória. O mais comum, porém, são lesões respiratórias passageiras.
O cloro gasoso se dissipa no ar. As casas foram interditadas porque havia muita concentração do gás naqueles locais no dia seguinte ao acidente.

Fiscalização
O diretor do Iema (Instituto Estadual do Meio Ambiente), Fernando Oliveira, disse ontem que, na próxima semana, formará um grupo de trabalho para "monitorar" a rota e o manuseio do gás no DF. Ele havia dito à Folha que não era possível fiscalizar o descarte de cilindro de cloro gasoso.
Dois cilindros com a substância estavam em poder de Pereira. Ele os ganhou de uma oficina mecânica. Os cilindros são, normalmente, usados no tratamento de água e em limpeza de grandes piscinas e exigem regras rígidas de manuseio. Os recipientes vazios devem ser devolvidos aos fabricantes. Os cilindros que estavam com Pereira foram adquiridos 15 anos atrás pelo proprietário de uma oficina, que disse não lembrar de quem os comprou.



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