São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2001

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Primeiros exames detectam intoxicação

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTANA (AP)

Os exames preliminares que detectaram a contaminação indicam que parte da população da Vila do Elesbão, em Santana (AP), pode ter sofrido uma intoxicação crônica de arsênio.
Os sintomas são manchas na pele, dores de cabeça, vômitos, diarréia e anemia.
"É um caso com características de intoxicação crônica. Mas, dependendo do grau de exposição, é possível que as pessoas contaminadas se recuperem com um tratamento quelante (substância que absorve metais)", disse o toxicologista Henrique Della Rosa, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo ele, casos de contaminação por arsênio são raros e pouco estudados. O arsênio pode provocar câncer de pele e pulmão.
A Pastoral da Criança da Diocese de Macapá solicitou ao governo do Estado e ao Ministério da Saúde urgência no atendimento da comunidade do Elesbão.
"A situação é muito grave. Já houve casos de bebês que tiveram problemas no desenvolvendo", disse Marineide Vieira, coordenadora estadual da Pastoral da Criança.
"Como grande parte da população não parece saudável e apresenta sinais de anemia, acreditamos que o que acontece na vila não se trata de casos isolados, mas de resultado da contaminação."

Exame
Um exame preliminar, realizado pela Universidade Federal do Pará em cem moradores da vila, constatou que 98 deles apresentavam nível de arsênio no organismo acima do índice considerado tolerável pela OMS.
De acordo com o exame, 72 pessoas relataram problemas respiratórios, 62 apresentavam problemas de pele -35 com manchas no corpo- e 27 tinham problemas hepáticos.
Entre os familiares das pessoas examinadas, foram relatados 25 casos de morte por câncer e 37 de abortos naturais, de acordo com os formulários preenchidos.
O exame não é considerado conclusivo porque foi baseado somente no cabelo das pessoas que foram analisadas.
Outro problema é a quantidade de pessoas entrevistadas. O universo de cem habitantes também não é considerado representativo da comunidade do Elesbão. (MA)



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