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Estudo aponta falha em eficácia de droga contra o colesterol
Princípio ativo dos remédios Zetia e Ezetrol não trouxe benefícios adicionais para reduzir espessamento de artérias
Merck e Schering-Plough, que produzem remédios com a ezetimiba, anunciaram os resultados; Anvisa irá solicitar dados
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo clínico mostrou
que a ezetimiba -princípio ativo do Zetia, remédio usado para reduzir o colesterol- não
trouxe benefícios adicionais
para a redução do espessamento das artérias, problema que
pode gerar obstrução e facilitar
derrames e ataques cardíacos.
A ezetimiba faz parte também da composição do Vytorin,
outro remédio para redução de
colesterol. Os resultados foram
divulgados ontem pelas fabricantes dos produtos, os laboratórios Merck -do Vytorin- e
Schering-Plough -do Zetia.
A pesquisa acompanhou 720
pessoas com problemas genéticos de alta produção de colesterol. Nos dados preliminares, ela
mostrou que a ezetimiba não
trouxe benefícios adicionais
aos que tomavam o Vytorin, se
comparados aos que recebiam
apenas a outra substância ativa
desse remédio, a sinvastatina.
Segundo o cirurgião-cardíaco Robinson Poffo, "podia-se
esperar que a ezetimiba tivesse
algum efeito "a mais" na fórmula". Para ele, quem toma medicamentos como o Zetia quer saber se vai reduzir a chance de
ataque cardíaco ou de derrame.
Porém, ele afirma que isso
não é possível de detectar apenas com as informações divulgadas ontem, já que o estudo
não foi desenhado para medir o
risco cardiovascular.
Os dados completos da pesquisa serão apresentados em
março. Segundo o "New York
Times" informava em seu site
ontem, a Merck e a Schering-Plough concluíram o estudo em
abril de 2006, mas adiaram diversas vezes a divulgação.
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) informou ontem que irá pedir aos laboratórios fabricantes os dados
dos estudos para a avaliação
das informações.
Colesterol
A ezetimiba é usada para impedir a absorção de colesterol
pelo intestino, enquanto a sinvastatina serve para inibir a
produção. O colesterol faz parte da composição de lipídios
(gorduras) que, em excesso, podem se acumular nas paredes
arteriais, facilitando o aparecimento de problemas cardíacos.
Apesar de a ezetimiba ter dado poucos benefícios adicionais
para reduzir o espessamento
das camadas arteriais, a pesquisa mostrou que o Vytorin baixou o nível de colesterol em
58%, em média, mais do que
apenas a sinvastatina (41%).
Em seus sites, os laboratórios
afirmaram ontem que, "em geral, o perfil de segurança" do
Vytorin foi "semelhante e consistente" com a respectiva bula.
Eles não comentaram na internet, entretanto, a possível ineficácia da ezetimiba.
A gerente médica da Merck,
Senhorinha Magalhães, afirmou que ainda não é possível
explicar as causas do resultado
e que nem o próprio autor se
manifestou.
Ela chamou a atenção para o
fato de os pacientes analisados
terem uma doença genética de
produção de colesterol, que geralmente provoca índices de
colesterol muito acima dos
normais.
Outros remédios têm como
princípio a ezetimiba, como o
Ezetrol (Merck) e o Zetsim
(Schering-Plough), que é semelhante ao Vytorin.
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