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País facilitará validação de diploma de médico que se formar em Cuba
Acordo foi firmado ontem; Conselho Federal de Medicina critica a decisão
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil assinou ontem um
termo com o governo cubano
para facilitar a validação de diplomas de medicina de estudantes brasileiros que se formam em Cuba. O Conselho Federal de Medicina considera a
medida injusta.
O texto firmado ontem, segundo o Ministério da Saúde,
complementa acordo firmado
pelos dois governos em 2006.
Os dois textos ainda têm que
ser aprovados pelo Congresso.
O acordo beneficia brasileiros formados pela Elam (Escola
Latino-Americana de Medicina), que seleciona integrantes
de movimentos sociais e partidos políticos. Após se formarem, teriam um processo de validação de diplomas diferenciado em relação aos alunos, brasileiros ou não, que concluem a
graduação fora do país.
Uma das vantagens é a possibilidade de brasileiros que estudaram na Elam complementarem seu currículo para se
adequar às diretrizes educacionais dentro do Brasil, e não em
sua universidade de origem, como ocorre no caso das outras
instituições no exterior.
Como já ocorre hoje, a análise de compatibilidade curricular caberia a universidades públicas. Os formados na Elam teriam que passar por um exame
nacional antes de serem habilitados a exercer a profissão.
Segundo o Ministério da Saúde, o termo assinado ontem
prevê recursos financeiros adicionais para as instituições que
aderirem a um intercâmbio
com a Elam. A Folha pediu cópia do texto assinado ontem,
mas a assessoria da pasta não
havia tido acesso a ele até o fechamento desta edição.
O ministro José Gomes
Temporão (Saúde), que acompanha o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva em visita a Cuba,
defende o acordo sob o argumento de que os egressos da
Elam iriam trabalhar em locais
com deficiência de médicos
-"comunidades indígenas,
quilombolas e no interior do
país", segundo texto da pasta.
O Conselho Federal de Medicina discorda. "Não é dessa
quantidade de gente que as
áreas carentes precisam, mas
de muito mais", diz Clóvis
Constantino, diretor da entidade. Segundo o ministério, 160
brasileiros foram formados pela Elam e, em 2010, esse número terá chegado a mil.
"Essas pessoas também vão
acabar indo aos grandes centros", afirma Constantino.
A entidade também aponta
que a escola cubana não contempla em seu currículo as especificidades do sistema de
saúde brasileiro. Critica também o tratamento diferenciado
à escolha da ilha. "O conselho
só pode concordar com normas
que sejam iguais para todos."
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