São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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Granadas usadas em SP e no Rio são do mesmo tipo

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A granada que explodiu em frente ao prédio da Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, anteontem, em ataque atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital), é do mesmo tipo usado numa série de atentados contra a polícia do Rio, entre novembro e dezembro de 2000.
O artefato usado anteontem, fabricado no país pela CEV (Companhia de Explosivos Valparaíso), é de um lote anterior (nº 89B) e próximo ao da granada (nº 98B, da mesma empresa) lançada contra o 6º DP (Cidade Nova), no Rio.
Na época, a polícia investigou o Comando Vermelho por causa da entrada clandestina desse tipo de armamento no Estado. Em 2000, 254 granadas foram apreendidas no Rio, parte delas procedente do Paraguai -foram exportadas do Brasil para lá e retornaram.
Autoridades paulistas que investigam o PCC acreditam que o Comando Vermelho tenha inspirado a criação do Partido do Crime, outro nome da facção de São Paulo. No entanto, nas investigações, nunca se provou existir ligação entre esses dois grupos.
A granada que anteontem feriu cinco funcionários da secretaria, no centro de São Paulo, é do tipo ofensiva/defensiva, modelo provável M4, com corpo de plástico e anel de metal interno -peça que se fragmenta e fere após a detonação. ""Dentro de uma área de cinco metros ao redor poderia matar", afirma o capitão Diógenes Viegas Dalle Lucca, comandante do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar.
Todos os agentes feridos já tiveram alta médica.
A polícia investiga agora a procedência da granada para tentar descobrir os autores do atentado. Seriam dois homens, segundo testemunhas. Ninguém foi preso.
O veículo que eles usaram, um Santana escuro, foi apreendido anteontem à noite no largo do Arouche, perto da secretaria, duas horas após o ataque.
O carro estava estacionado em frente de uma padaria, com as portas travadas e os vidros fechados para não chamar a atenção.
Peritos do Instituto de Criminalística passaram a manhã de ontem tentando coletar impressões digitais no veículo.
Segundo a polícia, não há registro de roubo desse carro. O dono dele está sendo procurado.
O prédio da secretaria amanheceu protegido pela Polícia Militar e o secretário Nagashi Furukawa deve ter sua proteção reforçada.
Em 15 dias, esse foi o segundo atentado contra funcionários da Administração Penitenciária. No mês passado, um ônibus que levava 20 funcionários para o presídio de São Vicente, no litoral, foi atacado no percurso. Um agente morreu e seis ficaram feridos.
Por enquanto, a polícia não confirma nem nega a participação do PCC. Em uma faixa deixada na em frente à secretaria, a facção assume a autoria do atentado e pede o fim dos ""maus-tratos".
Hoje, os principais líderes da facção -José Márcio Felício, o Geleião, e Marcos Willian Herbas Camacho, o Marcola- estão em presídios especiais, no Rio e em Goiás, como parte de um plano para desarticular a organização. No ano passado, o PCC liderou a maior rebelião da história do país.



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