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Granadas usadas em SP e no Rio são do mesmo tipo
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A granada que explodiu em
frente ao prédio da Secretaria da
Administração Penitenciária de
São Paulo, anteontem, em ataque
atribuído ao PCC (Primeiro Comando da Capital), é do mesmo
tipo usado numa série de atentados contra a polícia do Rio, entre
novembro e dezembro de 2000.
O artefato usado anteontem, fabricado no país pela CEV (Companhia de Explosivos Valparaíso),
é de um lote anterior (nº 89B) e
próximo ao da granada (nº 98B,
da mesma empresa) lançada contra o 6º DP (Cidade Nova), no Rio.
Na época, a polícia investigou o
Comando Vermelho por causa da
entrada clandestina desse tipo de
armamento no Estado. Em 2000,
254 granadas foram apreendidas
no Rio, parte delas procedente do
Paraguai -foram exportadas do
Brasil para lá e retornaram.
Autoridades paulistas que investigam o PCC acreditam que o
Comando Vermelho tenha inspirado a criação do Partido do Crime, outro nome da facção de São
Paulo. No entanto, nas investigações, nunca se provou existir ligação entre esses dois grupos.
A granada que anteontem feriu
cinco funcionários da secretaria,
no centro de São Paulo, é do tipo
ofensiva/defensiva, modelo provável M4, com corpo de plástico e
anel de metal interno -peça que
se fragmenta e fere após a detonação. ""Dentro de uma área de cinco metros ao redor poderia matar", afirma o capitão Diógenes
Viegas Dalle Lucca, comandante
do Gate (Grupo de Ações Táticas
Especiais), da Polícia Militar.
Todos os agentes feridos já tiveram alta médica.
A polícia investiga agora a procedência da granada para tentar
descobrir os autores do atentado.
Seriam dois homens, segundo
testemunhas. Ninguém foi preso.
O veículo que eles usaram, um
Santana escuro, foi apreendido
anteontem à noite no largo do
Arouche, perto da secretaria, duas
horas após o ataque.
O carro estava estacionado em
frente de uma padaria, com as
portas travadas e os vidros fechados para não chamar a atenção.
Peritos do Instituto de Criminalística passaram a manhã de ontem tentando coletar impressões
digitais no veículo.
Segundo a polícia, não há registro de roubo desse carro. O dono
dele está sendo procurado.
O prédio da secretaria amanheceu protegido pela Polícia Militar
e o secretário Nagashi Furukawa
deve ter sua proteção reforçada.
Em 15 dias, esse foi o segundo
atentado contra funcionários da
Administração Penitenciária. No
mês passado, um ônibus que levava 20 funcionários para o presídio
de São Vicente, no litoral, foi atacado no percurso. Um agente
morreu e seis ficaram feridos.
Por enquanto, a polícia não
confirma nem nega a participação
do PCC. Em uma faixa deixada na
em frente à secretaria, a facção assume a autoria do atentado e pede
o fim dos ""maus-tratos".
Hoje, os principais líderes da
facção -José Márcio Felício, o
Geleião, e Marcos Willian Herbas
Camacho, o Marcola- estão em
presídios especiais, no Rio e em
Goiás, como parte de um plano
para desarticular a organização.
No ano passado, o PCC liderou a
maior rebelião da história do país.
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