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100 DIAS
Para o professor Jaime Waisman, da USP, a substituição de ônibus por lotações iria piorar o trânsito na cidade
Especialista liga perua a congestionamento
ADÉLIA CHAGAS
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento da taxa de aprovação ao serviço prestado por peruas, como mostra a pesquisa feita pelo Datafolha, é uma avaliação
imediatista dos entrevistados,
afirmam especialistas.
"A população não imagina o
que vai ocorrer, se ela ficar na
mão das peruas", disse o diretor-executivo da ANTP (Associação
Nacional de Transportes Públicos), Ailton Brasiliense.
"O passageiro quer o melhor
hoje", afirma Jaime Waisman,
professor de transporte público
da Escola Politécnica da USP. "Ele
não quer saber se, com o tempo,
haverá mais congestionamento."
"Ninguém lembra que, para
substituir os 10 mil ônibus da cidade, seriam necessárias pelo menos 70 mil peruas", afirma.
Waisman e Brasiliense afirmam
que a lotação obteve boa avaliação
nos itens velocidade e itinerário
porque proporciona aos passageiros o que os ônibus não podem
oferecer. Para eles, as peruas mudam o trajeto quando há congestionamento e ganham velocidade.
Eles fazem uma comparação de
tarifas. O ônibus custa R$ 1,15, e o
passageiro nem sempre consegue
um lugar para sentar. Já a lotação
custa menos, R$ 1,00 por um lugar em uma poltrona.
Os ônibus foram mais bem avaliados do que as peruas num único item, o da segurança. Para os
dois especialistas, isso pode estar
ligado a uma fiscalização mais intensa, realizada periodicamente,
reforçando a impressão de que as
peruas são inseguras.
"Mas basta a fiscalização se
abrandar, conforme ocorreu a
partir do segundo semestre do
ano passado, para as peruas voltarem a ser procuradas", afirma o
professor Waisman.
Para os perueiros, a boa avaliação deve-se aos investimentos
que foram feitos, visando a concorrência realizada no ano passado (e cancelada pela administração petista).
"Cerca de 80% das Kombis foram substituídas por vans com
ar-condicionado e bancos reclináveis", disse o presidente da
Cooper Pam, que tem 560 associados, Luiz Carlos Pandora.
Para o presidente da Coperpeople, Francisco Mola Neto, a avaliação melhorou porque, com o desemprego, "muitas pessoas tiveram de deixar o carro e, ao comparar os ônibus com as peruas,
acabaram preferindo as lotações".
Neto e Pandora concordam que
a insegurança da população em
relação às peruas deve-se à clandestinidade de parte do serviço.
"Quando houver regularização,
isso acabará", disse Neto.
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