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SAÚDE/ NUTRIÇÃO
Líquidos representam até 20% das calorias diárias
Refrigerantes, sucos, leite, álcool e até café podem valer por vários alimentos
Quem quer perder peso, deve consumir líquidos de baixo valor energético, como limonada ou suco de maracujá, chá e água
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem está de dieta precisa ficar de olho não só no que come
mas também no que bebe. Nos
EUA, especialistas em nutrição
elaboraram uma espécie de
guia sobre bebidas, no qual declaram que 21% das calorias ingeridas por um americano por
dia vem daquilo que ele bebe.
Não há dados sobre o Brasil,
mas especialistas acreditam
que se esse percentual não for
igual, estamos chegando lá. Refrigerantes, sucos, bebidas alcoólicas e até o singelo cafezinho podem pesar na balança.
"Isso é pouco falado. As pessoas acham que líquido não
conta, esquecem de computar
nas calorias. Pensam que só o
sólido contribui para engordar", afirma Anita Sachs, chefe
da disciplina de Nutrição da
Unifesp.
Segundo os especialistas, um
dos erros mais comuns é pensar que o suco de laranja não
engorda, quando um copo tem
mais de 100 calorias. "As calorias podem chegar a um pãozinho. Existem vitaminas, mas
quando feito da forma adequada e consumido em até meia
hora após o preparo."
Comer a fruta é sempre uma
opção melhor. Não há perda de
vitaminas, dá sensação de saciedade e quando as fibras estão presentes, uma boa parte da
frutose não é absorvida.
Para fazer um copo de suco,
usa-se mais do que uma laranja
ou uma fatia de melancia.
"É muito melhor comer a
fruta. O suco de laranja acaba
com qualquer dieta, é quase
uma refeição. É inviável perder
peso sem pensar nesses detalhes do dia-a-dia", afirma José
Marcondes, endocrinologista
do hospital Sírio Libanês.
Os sucos de polpa também
perdem grande parte das vitaminas. Já os industrializados
têm altíssimo valor calórico.
O leite é outro que traz benefícios para a saúde, com aporte
de cálcio, proteína e vitaminas.
Sua quantidade de gordura varia -o integral é mais gorduroso e calórico do que o desnatado. O risco está na adição de
achocolatados, quando as calorias podem chegar a 300 calorias -ou uma fatia de bolo.
Refrigerantes
O consumo de refrigerante
cresceu 400% nas últimas três
décadas. Antes, a garrafa grande era de um litro. Agora é de
2,5 litros.
Os menos calóricos são à base de limão, os mais calóricos
são os de laranja (a adição do
suco é exigida por lei) alcançando 190 calorias por lata.
Quem faz piada da pessoa
que prefere um refrigerante
light para acompanhar uma refeição calórica está errado, dizem os médicos. "Quando a
pessoa toma o refrigerante comum ao invés do light, está ingerindo calorias desnecessárias", diz Marcondes.
Os refrigerantes light realmente não somam calorias à
dieta, tampouco nutrientes,
por isso não são recomendados.
Alguns médicos garantem que
os refrigerantes de cola, mesmo
lights, dão celulite, por causa da
cafeína.
A nova moda dos refrigerantes "zero", na opinião dos nutricionistas, não traz mudanças
em relação ao light. "A composição é igual. O que muda apenas é a denominação, por uma
questão de marketing. Parece
que estudantes gostam mais de
consumir zero do que light",
explica Heloísa Guarita Padilha, diretora da consultoria
RGNutri.
O cafezinho em si tem pouquíssima caloria, mas se for
com açúcar, pode fazer certa diferença. Cada café adoçado tem
cerca de 20 calorias. Se a pessoa, no escritório, toma cinco,
são 100 calorias no final do dia.
Álcool
Já o álcool é inimigo dos regimes: um grama de açúcar tem 4
kcal e um grama de álcool tem 7
kcal.
"Bebida alcoólica é um problema. Quem tem ingestão diária de vinho ou uísque não consegue perder peso, com o agravante de que é muito difícil beber álcool sem comer alguma
coisa. Cortando a bebida, ele já
perde peso", diz Marcondes.
Mesmo a cervejinha do fim
de semana pode ser uma ameaça ao regime. "Tem que ter
consciência, se não, perde todo
o esforço da semana."
Mais séria do que a dieta para
perder peso é a dieta de quem
tem doenças como o diabetes.
"Além da caloria há o índice
glicêmico. Se o médico não informa o diabético, ele não sabe
que o suco tem frutose, que
descompensa o diabetes, por
exemplo", afirma o endocrinologista do hospital Albert Einstein Ricardo Botticini Peres. Na
dieta desses pacientes, o álcool
precisa ser cortado.
Cortar ou consumir com moderação é uma opção, só não vale diminuir a ingestão de líquidos e desidratar. "As pessoas
que estão perdendo peso, precisam consumir líquidos de
baixo valor energético", afirma
Anita, da Unifesp. Entre as opções, estão limonada ou suco de
maracujá com adoçante, chá
natural sem açúcar e, claro,
água com ou sem gás.
A participação das bebidas
no aporte de calorias dos brasileiros pode ser mais saudável
do que a dos americanos, mas
não é necessariamente menor.
"O brasileiro toma muito suco.
Pensam que, como é natural,
não é calórico. Somos um país
tropical com mania de suco de
fruta, água de coco, mate gelado. São líquidos calóricos", afirma Ricardo Peres.
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