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GUERRA URBANA
Segundo um delegado e o comandante-geral da PM, esse é o novo modo com que a facção tenta demonstrar força; ontem, dois foram atacados
Bancos são novo alvo do PCC, diz polícia
ANDRÉ CARAMANTE
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Atacar instituições financeiras.
Essa é, segundo o delegado Godofredo Bittencourt e o comandante-geral da PM, coronel Elizeu
Eclair Teixeira Borges, a nova estratégia de atentados da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para tentar demonstrar força.
No início da noite de ontem, enquanto as cúpulas das policiais
Civil e Militar estavam reunidas
para traçar novas estratégias de
combate aos atentados da facção,
segundo a Secretaria da Segurança Pública, dois bancos foram atacados por criminosos: um Bradesco, em São Miguel Paulista, na
zona leste, foi alvo de tiros; e um
Itaú, em Taboão da Serra (Grande
São Paulo), foi incendiado com
um coquetel molotov.
De acordo com o delegado Bittencourt, responsável pelo Deic
(Departamento de Investigações
Sobre o Crime Organizado), que
mantém um setor de inteligência
para tentar coibir ações do PCC,
os líderes do grupo já estiveram
em prisões paulista ao lado de criminosos com formação em guerrilha urbana, caso de Maurício
Hernandez Norambuena, apontado como o líder da quadrilha
que seqüestrou o publicitário
Washington Olivetto e é da Frente
Patriótica Manuel Rodríguez.
"Os ataques fazem parte da estratégia de guerra para desequilibrar. A bronca deles não é somente contra os atos da polícia, existe
uma insatisfação social. Estão fazendo esses ataques [aos bancos]
para criar desequilibrio social e
econômico. Pode, daqui para
frente, ter um cunho político.
Existe uma série de situações que
teremos de analisar", disse Bittencourt.
"Nós tinhamos nas interceptações [telefônicas] essa informação dos ataques aos bancos. Eles
[criminosos] estão mudando na
hora que vêem que é possível ser
preso. Isso que está acontecendo
não é supreresa. Tanto que só atacaram dois [bancos] porque o
resto estava policiado. Eles não
estão atacando o povo, tanto que
os ônibus que foram queimados
tiveram os passageiros foram retirados, eles atacam imóveis para
demonstrar o poder", continou o
delegado.
Antes do anúncio de que os
bancos passaram a ser alvos dos
ataque do PCC, o comandante-geral da PM, coronel Borges, fez
declarações emocionadas sobre a
onda de violência no Estado. Segundo ele, "com marginal não se
negocia, bandido é bandido, Estado é Estado; e bandido, se vai para
o confronto, morre mesmo."
Para o comandante da PM, o
Estado conseguiu, nas últimas horas, reverter o jogo contra a violência do PCC. Ao longo da entrevista convocada ontem à noite, ele
anuncioiu, em duas ocasiões diferentes, o aumento no número de
mortos em supostos confrontos
com policiais.
O anúncio do oficial começou
com um número de 14 mortos em
possíveis confrontos, ao longo
dos pronunciamentos, assessores
do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho,
entregavam bilhetes com as novas
mortes. No fim da entrevista, o
comandante já falava em 23 "criminosos" mortos.
Ontem, a Folha solicitou à Secretaria da Segurança Pública a
identificação completa dos mortos e presos durante a onda de
atentados, mas o órgão disse não
ter como informar que eram os
supostos criminosos.
O comandante da PM também
disse que, durante as negociações
para o fim de rebeliões, a Tropa de
Choque da corporação não invadiu presídios porque diretores de
unidades, atendendo a pedidos de
advogados de criminosos, solicitavam que a ação da PM não
acontecesse. Foi exatamente isso
que o pediu ao governo o detento
Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, líder do PCC, pediu ontem
aos emissários do governo que
tentaram negociar com ele o fim
da rebelião.
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