São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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GUERRA URBANA

Segundo um delegado e o comandante-geral da PM, esse é o novo modo com que a facção tenta demonstrar força; ontem, dois foram atacados

Bancos são novo alvo do PCC, diz polícia

ANDRÉ CARAMANTE
FABIANE LEITE

DA REPORTAGEM LOCAL

Atacar instituições financeiras. Essa é, segundo o delegado Godofredo Bittencourt e o comandante-geral da PM, coronel Elizeu Eclair Teixeira Borges, a nova estratégia de atentados da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) para tentar demonstrar força.
No início da noite de ontem, enquanto as cúpulas das policiais Civil e Militar estavam reunidas para traçar novas estratégias de combate aos atentados da facção, segundo a Secretaria da Segurança Pública, dois bancos foram atacados por criminosos: um Bradesco, em São Miguel Paulista, na zona leste, foi alvo de tiros; e um Itaú, em Taboão da Serra (Grande São Paulo), foi incendiado com um coquetel molotov.
De acordo com o delegado Bittencourt, responsável pelo Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), que mantém um setor de inteligência para tentar coibir ações do PCC, os líderes do grupo já estiveram em prisões paulista ao lado de criminosos com formação em guerrilha urbana, caso de Maurício Hernandez Norambuena, apontado como o líder da quadrilha que seqüestrou o publicitário Washington Olivetto e é da Frente Patriótica Manuel Rodríguez.
"Os ataques fazem parte da estratégia de guerra para desequilibrar. A bronca deles não é somente contra os atos da polícia, existe uma insatisfação social. Estão fazendo esses ataques [aos bancos] para criar desequilibrio social e econômico. Pode, daqui para frente, ter um cunho político. Existe uma série de situações que teremos de analisar", disse Bittencourt.
"Nós tinhamos nas interceptações [telefônicas] essa informação dos ataques aos bancos. Eles [criminosos] estão mudando na hora que vêem que é possível ser preso. Isso que está acontecendo não é supreresa. Tanto que só atacaram dois [bancos] porque o resto estava policiado. Eles não estão atacando o povo, tanto que os ônibus que foram queimados tiveram os passageiros foram retirados, eles atacam imóveis para demonstrar o poder", continou o delegado.
Antes do anúncio de que os bancos passaram a ser alvos dos ataque do PCC, o comandante-geral da PM, coronel Borges, fez declarações emocionadas sobre a onda de violência no Estado. Segundo ele, "com marginal não se negocia, bandido é bandido, Estado é Estado; e bandido, se vai para o confronto, morre mesmo."
Para o comandante da PM, o Estado conseguiu, nas últimas horas, reverter o jogo contra a violência do PCC. Ao longo da entrevista convocada ontem à noite, ele anuncioiu, em duas ocasiões diferentes, o aumento no número de mortos em supostos confrontos com policiais.
O anúncio do oficial começou com um número de 14 mortos em possíveis confrontos, ao longo dos pronunciamentos, assessores do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, entregavam bilhetes com as novas mortes. No fim da entrevista, o comandante já falava em 23 "criminosos" mortos.
Ontem, a Folha solicitou à Secretaria da Segurança Pública a identificação completa dos mortos e presos durante a onda de atentados, mas o órgão disse não ter como informar que eram os supostos criminosos.
O comandante da PM também disse que, durante as negociações para o fim de rebeliões, a Tropa de Choque da corporação não invadiu presídios porque diretores de unidades, atendendo a pedidos de advogados de criminosos, solicitavam que a ação da PM não acontecesse. Foi exatamente isso que o pediu ao governo o detento Orlando Mota Júnior, 34, o Macarrão, líder do PCC, pediu ontem aos emissários do governo que tentaram negociar com ele o fim da rebelião.


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